Pular para o conteúdo principal

Final Fantasy XIII: o Avatar da Square Enix

Avatar é a maior bilheteria da história do cinema

Hoje acordei com saudades de Akira Kurosawa. Talvez muitos nem saibam de quem falo, mas Akira, em minha opinião, foi o mais genial cineasta já existente. Seus filmes eram obras de arte a pensar de forma densa e profunda a vida e toda complexidade e dramaticidade da alma humana.

Assim como ele, existiram vários nomes que faziam os chamados “filmes de diretor”, em que o cineasta imprimia uma marca, um estilo extremamente pessoal, aos seus filmes, tornando-as obras de arte inconfundíveis. Nomes como Fassbinder, Bunuel, Bergman, Fellini, Godard, em obras muitas vezes ácidas e amargas como Querelle ou As lágrimas Amargas de Petra Von Kant, às vezes belas, enfim... Muitas vezes saí do cinema com a sensação de ter levado um soco no estômago, atordoada e angustiada com a possibilidade existencial mostrada.

Então surgiu Hollywood que descobriu a fórmula certa e segura para arrastar multidões aos cinemas: estórias construídas em clichês, visual perfeito, efeitos especiais abundantes, um pouco de drama, comédia, romance e aventura e profundidade zero (para que Hommer não se perca), de forma a agradar a toda a família. Avatar é o exemplo mais bem acabado da fórmula.

E os filmes de diretor foram escasseando, com alguns sobreviventes cedendo em algo: ou na densidade da estória, ou em algum outro aspecto. Mesmo Almodóvar está mais leve e deglutível do que em seus filmes mais antigos.

Mas este processo não ocorreu apenas com o cinema. A complexidade da vida moderna transformou restaurantes em fast-foods, música erudita em pop, roupas únicas e feitas à mão por industriais feitas aos milhares, os panos evoluíram para misturas sintéticas mais amigáveis que o puro algodão, etc. Ao mesmo passo em que viver complicava, as coisas simplificavam, tornavam-se mais fáceis de consumir, de adquirir, de fazer.

Hoje tudo é pensado para facilitar a vida e economizar tempo, dinheiro e a energia dos seres humanos.

E o RPG ficaria de fora? O gênero que é a essência da profundidade e complexidade dos games? Que consome muito mais tempo e dinheiro para ser desenvolvido e que exige tanta dedicação dos jogadores? Quantas pessoas ainda podem e se dispõem a gastar 2 ou 3 meses em cima de um único jogo? Quantas ainda querem isto? Estamos sendo acostumados, doutrinados a apreciar o leve, o superficial, o fácil. Soa cada dia mais estranho algo complexo, profundo, difícil.

Em 2007 ainda tivemos bons títulos, mas de 2008 em diante os jogos começaram a escassear. Em compensação o gênero Aventura disparou em bons e até mesmo fenomenais títulos, como God of War. É a formula perfeita, tal como no cinema: efeitos especiais abundantes, muita adrenalina e rápido. Não é preciso comprometimento, pesquisa, dedicação e praticamente nenhum conhecimento prévio. Atende o jogador eventual, em busca de uma diversão fácil e ao fã oferece 1 título ao ano ou ano e meio.

O último bastião dos fãs, a franquia Final Fantasy, parece atraída pelo gênero.

Final Fantasy XIII é o jogo All-in-one, o Avatar da Square. O jogador descompromissado pode jogá-lo inteiro em aproximadamente 50 horas e para satisfazer os fãs mais exigentes, existe Pulse e as Missões.

A parte Aventura de FFXIII é visualmente arrebatadora, ritmo empolgante, estória bem acabada e leve, sistema de lutas simples com uma inteligência artificial poderosa que dispensa maiores conhecimentos e dificuldade baixa com bosses do enredo. Não é preciso ser nenhum grande jogador para zerar a estória.

Então vem Pulse para quem quiser continuar, em missões sem o menor contexto, chatas, com prêmios que seriam importantes durante a estória e não após. Só interessa mesmo aos caçadores de troféus e aos aficionados pela marca.

Do que comecei a jogar até agora vi vários jogadores, antigos fãs da franquia, desistirem de completar o Pós Game e eu mesma só continuo por teimosia. Vou matar Vercingetorix e ganhar o Gold Watch que não me serve para absolutamente nada. Fazer o quê?

O diretor de Final Fantasy já avisou que o próximo game seguirá o mesmo rumo, com mais aventura e menos exploração de mapas.

É o fim dos RPG?

Da forma como conhecíamos acredito que sim. É caro e de menos apelo popular que os demais gêneros, mas vejo que a Square procura um novo gênero, uma fusão entre Aventura e RPG. Se a parte RPG deste jogo foi insossa ao menos não foi completamente abandonada. Talvez melhorem no próximo ou talvez não. São experiências para algo novo, buscando a fórmula perfeita: o game que agrade a todos.

Só posso torcer para que encontrem e agradem também a nós, eternos apaixonados pela complexidade e profundidade, que não gostamos de coisas fáceis e buscamos os grandes desafios.

Comentários

Luiz disse…
Hollywood acabou com o cinema. Malditos efeitos especiais. É comparar "O Chamado" americano com o japonês. Enquanto um parece video caseiro com terror psicologico e profundo, o outro é visual e apelativo. Por isso que não ligo mais para filmes, é tudo tão repetitivo. Não espero encontrar uma boa história, e sim uma boa diversão.

Nossa, não vou discutir com alguém que jogou esse jogo, parece que tu sabe demais dele. E me entristece saber que até os rpgs estão seguindo esse gênero mais light de suas origens. Caramba, tem muitos jogos que estão seguindo o mesmo estilo. Quando olho para Resident Evil ( minha franquia preferido) eu digo: o que foi que fizeram? Nada mais de profundidade. Só preciso usar mais as mãos do que o cérebro. Deprimente.

Por isso que ainda jogo Final fantasy 7( um dia eu ainda mato aquela weapon maldita). E até mesmo o Tatics é bem legalzinho e uma hora ou outra dá pra jogar sem enjoar. É uma pena que meu play 1 tenha quebrado.Sem contar outros jogos bem profundos também, mas que não cheguei a jogar muito.

Mas tenho fé que aquele bom jogo com uma boa história ainda volte.
aitinerante disse…
E Asas do Desejo, de Win Wenders? Aquilo foi um crime!

Eu também perdi muito do interesse que tinha por cinema nos últimos anos.

Estava conversando ontem sobre isto: os melhores RPGs foram os do play1. Play2 ainda teve alguns títulos bons, mas infelizmente não tenho muita esperança para o futuro. : (

Vou torcer para estar errada e você certo.

Obrigada pelo comentário.
Thania disse…
Neiva,
Sobre games e RPG nada posso comentar pois não entendo.

Sobre cinema arte, eu tb  tenho  saudades de filmes  com maior  profundidade , como os  do Akira Kusosawa.

Eu adorei Avatar, o filme  é  sensacional .  Mas reconheço  que há um exagero na indústria cinematográfica  hollywoodiana :  filmes  com excesso de  efeitos ,  pouco conteúdo e  clichês à  vontade. Algumas vezes vou ao cinema e  saio antes do filme terminar ... Estou sem paciência para  ver  besteirol  ou cenas de violência .

Mas  existem  bons  filmes  por aí, com arte  e conteúdo,  de outras  nacionalidades que não a  norte  americana. Não acho que o  cinema  deixou de  evoluir, ao contrário!   No entanto há o monopólio dos  filmes de hollywood e ficamos sem ter conhecimento de outras produções.

Bjs
Thania disse…
Corrigindo ... Akira Kurosawa  :)
aitinerante disse…
Sim, Thania, este é o problema com o cinema: os bons não chegam até nós. Mas no caso dos games, não tem mesmo. Estou procurando algo para jogar e não tem. Simplesmente não tem. Droga! rsrs
Thania disse…
Neiva, cuidado! Isso é  vício ... rsrs
aitinerante disse…
Eu gostei de Avatar também, do mesmo jeito que gostei da parte Aventura de FF. O rítmo, os gráficos, tudo é impecável e sedutor. Apenas em Avatar a estória é muito superficial e cheia de clichês. Não é uma estória realmente densa. É uma diversão.

Da mesma forma, a parte de Aventura de FF deixa um gostinho de "quero mais".

Não invalida o fato de que são deliciosos, ambos. :D
machiavelism disse…
pois é, dos jogos do genero, pro playstation 1 pro 2 eu ja senti uma enorme mudança, fiquei desesperado quando vi que nenhum jogo mais tinham aqueles mapas gigantescos que  faziam a genteexplorar sem cansar... final fantasy 10 ja me frustrou nisso, como assim eu pego a nave la no fim do jogo mas não tem um mapa pra eu explorar com ela.... e por ai vai até hoje...

a ah, uma coisa sobre avatar...
nem o enredo, e nem o visual do filme são originais, vai, pura cópia de cenários e monstros de final fantasy e rpgs japoneses num geral :/
aitinerante disse…
Consenso entre os rpgistas: games para ps1 foram os melhores, ps2 mais ou menos e ps3 desandou geral. : (
Gerana Damulakis disse…
Neiva: minha filha também é fascinada pelos filmes de Akira. Eu não sou muito de cinema, minha praia é a literatura, vc sabe.
aitinerante disse…
Eu eu sou de todas as praias, lol. Gosto de bons filmes, bons livros, bons jogos. Em resumo: gosto de tudo que é bom. kkk
seu fãboy ´´original´´ disse…
nossa vc é d+ suas palavras e ideias vc nao existe bjo neiva
aitinerante disse…
Adorei o elogio. Obrigada. :DD
Marcio disse…
Não curti Chrono Cross mais Chrono Trigger foi o melhor, queria muito um remake dele.
Marcio disse…
Verdade...
Marcio disse…
Por isso que eu baixo os filmes na net, tem vários filmes suecos que são excelentes
Guilherme! disse…
Caramba o Chrono Cross é muito foda! o Tigger é pioneiro! queria uma histooria novo para ps3 ou ramake ! (sonho meu) sinceramente as Plataformas do VII , VIII e IX são perfeitas para mim! o X pt1 e pt2 avacalhou ! (malditas bolinhas) e a do XII vou nem comentar! 
Guilherme! disse…
eu ainda me Lembro quando Jogava Breath Of Fire! um 2D que era muito! foda! mas pq todo Breath of Fire o Personagem é o Ryu! vamo mudar neah! kkkkkkkkkkkkkkkk

Postagens mais visitadas deste blog

(Dragon Quest IX) Críticas, primeiras impressões, detonados e minha breve vida como anjinho.

À primeira vista parece que nada mudou, exceto o enredo e os personagens. O traço característico de Akira Toryama, criador de Dragon Ball, é o mesmo. Ali estão as pequenas e bucólicas aldeias, os monstrinhos algo infantis, como o tradicional slime (a gota de água azul) e o Cruelcumber (pepino cruel. lol). A música, alegre e rítmica, algo pueril, também é a praticamente a mesma. A primeira impressão é de que a Square-Enix não quis arriscar e manteve tudo igual, apenas com algumas melhorias no gráfico, que é mais bem acabado, mas é apenas impressão. Conforme vou jogando as diferenças vão surgindo. O primeiro grande diferencial é no modo multiplayer que foi introduzido. Ainda não joguei porque não tenho o adaptador para conectar o DS à internet, mas está lá, à minha disposição. Este modo online foi responsável por um recorde mundial em 20/05/10, com mais de 100.000.000 de encontros no modo aleatório, em que se pode "esbarrar" em uma pessoa desconhecida que está andando próx

FFXIII - Definindo as armas da equipe KILLER

Olha a cara da Lightning: cansada de esperar que defina sua arma. lol Estive segurando a decisão sobre as armas dos personagens até agora, assim como sei de algumas outras pessoas fazendo o mesmo. É complicado porque uma arma tem isto, mas em compensação é fraca naquilo e por aí vai. Não tem uma que se possa dizer realmente boa ou a definitivamente melhor para determinado personagem, exceto talvez aquelas que serão vendidas no Shop Gilgamesh que só abre a partir da conclusão da Missão 46. E nem adianta ir direto lá tentar a sorte, porque ela só desbloqueia depois que fizer a 42, que só desbloqueia... enfim. A questão de dinheiro já está relativamente resolvida e agora é decidir entre as opções disponíveis ou por armas coletadas ao longo do jogo ou que possam ser adquiridas nos shops Up the Arms ou Plautu´s. Penso que a única forma de resolver esta complicação é elegendo um diferencial e seguir por ele e no caso das armas só pode ser a propriedade especial da arma, porque potencia

(FF XV) Capítulo 14 - 2 milhões de xp e 133 mil gil com o esquema dos Wyverns

Passei dois dias inteiros sem jogar. Mas valeu a pena, foi um Natal muito gostoso, como espero tenha sido o de todos vocês. Antes de ir, não resisti e fiz uma dungeon completa, a do Estreito de Crestholm. Não tem arma real lá. Eu queria fazer porque lá estava a quest da Cindy, O sempre ilustre Regália e também a quarta parte do mapa do Tesouro em papel. Também lá tem um Amuleto do Moogle, que concede + 20% de xp para quem o tiver equipado. Eu já tinha um. Acho que peguei nas Minas Balouve quando fui lá dar uma olhadela e saí correndo para não morrer. rs Bom, o Estreito de Crestholm é um labirinto com mobs lvl 39 e um monte de níveis. Você tem que acionar 7 mecanismos para abrir a porta final. Eu tentei seguir o esquema abaixo, do guia oficial, mas acabei me perdendo um monte de vezes e no fim deu tudo certo. lol Tem dois bosses. Uma espécie de medusa e um tipo de dragão. A medusa não dá quase trabalho e o dragão eu gostei da luta. Ela tem um efeito especial muito bon

Final Fantasy XIII - O dilema arma x dinheiro

Espadas da Lightning O maior dilema que os jogadores enfrentam em Final Fantasy XIII é, com certeza, o que fazer com o seu pouco dinheiro. Diferente de outros jogos, FFXIII não dá gil a cada luta. Encontrar em tesouros quase tão raro quanto encontrar Gold Nugget. Basicamente o gil que se pode obter é aquele resultante da venda de itens, weapons, acessórios e materiais. Para que serve o gil? Para comprar outras armas, itens, acessórios e materiais para upgrade que necessitar. Ocorre que, principalmente se você estiver interessado no troféu Platina, não poderá vender um único acessório, pois precisará de todos eles e upados ao último level para este troféu. Mesmo que não estiver interessado nisto, já aconteceu comigo de vender objetos que depois precisei ou quis. Alguns itens como Fortisol e Aegisol não podem ser vendidos em nenhuma hipótese, bem como alguns acessórios importantes também. Ou de gastar muito dinheiro upando uma arma para logo após encontrar outra melhor e a

Artista cria tênis de God of War digno do Deus da Guerra

Jacob Patterson é um artista que trabalha na LA Shoe Design Workshop criando tênis personalizados. Dessa vez o destaque foi a sua mais recente obra: um par inspirado em  God of War . Foi o pedido mais trabalhoso de sua carreira, mas o resultado não é menos que espetacular. Quando Stig Asmussen, diretor de God of War 3 ficou sabendo dos tênis, ele quis vê-los pessoalmente e Jacob ganhou uma visita aos estúdios da Sony Santa Monica. Ele publicou um vídeo onde entrevista o diretor do terceiro jogo e mostra todo o procedimento de criação passo a passo. Além da pintura à mão de todo o calçado, com uma grande imagem de Kratos no calcanhar e uma quantidade imensa de detalhes na frente, Jacob ainda se deu ao trabalho de criar esculturas da Blade of Chaos e prendê-las com correntes no lugar do cadarço. O toque final no trabalho foi dado com o autógrafo de Stig Asmussen. O artista comentou que no meio do processo chegou a odiar a sua obra por estar tomando tanto tempo, mas que o resul