Pular para o conteúdo principal

Meu protesto à Square-Enix, pelos rumos que dá à franquia Final Fantasy



Ao longo dos últimos dois anos, temos acompanhado não apenas a franquia Final Fantasy como a Square-Enix e seus outros jogos e franquias. Eu fiz severas críticas à cada vez que não concordei com algo. Estes problemas vistos de forma isolada perdem muito do impacto que teriam se vistos em seu conjunto e por este motivo faço abaixo um apanhado de toda a questão:

Final Fantasy I
Em 1.987, a Square, pequena desenvolvedora de jrpgs à beira da falência, lança sua última tentativa na indústria de jogos, por isto mesmo denominado de Final Fantasy.

Baseado em uma estória envolvente e um imenso mundo a ser explorado, Final Fantasy foi um sucesso, vendendo 400.000 mil cópias em seu lançamento e dando origem a uma das maiores franquias de jogos de videogame, com 15 jogos principais e quase uma centena de títulos secundários lançados nos últimos 25 anos e mais de 100.000.000 de unidades comercializadas.

Final Fantasy VII
Desenvolvido por uma equipe inicial de apenas 7 pessoas, Final Fantasy, torna-se a principal franquia da Square, transformando-a em uma potência no mundo dos videogames, com 11 títulos principais lançados nos próximos 16 anos.

Em 2.003 a Square funde-se com a Enix, desenvolvedora de outra importante franquia de jrpgs, Dragon Quest, que tem o credito de ter sido o modelo seguido por todos os jrpgs, incluindo Final Fantasy.

A agora denominada Square-Enix nos próximos 9 anos (2003/2012) lança apenas 3 títulos de console para a franquia Final Fantasy: XII, XIII e XIII-2.

Final Fantasy VII Crisis Core
Enquanto XII foi considerado uma obra prima, os dois outros títulos foram duramente criticados, principalmente pelos fãs.

Final Fantasy XIII, lançado em 2009, retira o que até então se constituía na essência do sucesso, na alma da série para seus fãs: a liberdade, tanto de exploração, quanto de montagem de equipe e de customização. A estória ainda que emocionante possui montagem precária com evidentes falhas no que se refere à mitologia e diversos eventos ou fatos não esclarecidos mesmo após o final. Elementos caros aos fãs como as cidades, os shops e os airships foram eliminados, assim como as dungeons secretas e bosses opcionais que tradicionalmente portavam armas invencíveis. Toda a customização de personagens, armas, acessórios, sistema de batalha e evolução são simplificados.

Final Fantasy XIII

A responsabilidade por estas falhas foi indiretamente creditada à 7ª e nova geração de consoles, o PS3 e o Xbox360, com as alegações de custo de desenvolvimento para as novas plataformas, limitação de espaço de armazenagem e o alto grau de especialização requerido. Apesar de todas as críticas, FF XIII, com atuais 6,7 milhões de cópias, é o 4º título mais vendido da série Final Fantasy, perdendo apenas para Final Fantasy VII, X e VIII.

A Square-Enix lança XIII-2 em 2.011, alegando que todas as reclamações dos fãs foram ouvidas e resolvidas. Prometem o retorno à liberdade e uma estória que elucidaria todos os buracos deixados por XIII, além de ser inspiradora e dar à protagonista o final feliz que merecia.

Final Fantasy XIII-2
Na realidade a protagonista Lightining tem papel secundário, a party constitui-se de 2 pessoas fixas (a menor equipe de todos os Final Fantasys) e 1 monstro. A exploração, embora seja aberta no sentido de existirem algumas variações no progresso do game, é tão limitada quanto em FFXIII, com mapas corredores, vazios e desabitados, além de algumas poucas cidades-fachadas. Não retornam os shops, nem as airships e dungeons secretas, mas desaparece mais um elemento caro aos fãs: os summons. A customização de personagens, armas, acessórios, sistema de batalha e evolução são ainda mais simplificados, permitindo a finalização em poucas horas e uma platina fácil.

Mesmo com todas estas limitações, XIII-2 constitui um jogo que funciona em seu conjunto, instituindo um novo estilo, que segue a tendência mundial dos jogadores na preferência por jogos rápidos e fáceis. Assim, estes não seriam os piores problemas.

O que deixa os fãs estarrecidos são três outros aspectos:


1) XIII-2 está incompleto, sem um final definitivo, com a tela de “Continua” encerrando o jogo, sem maiores explicações. O meio-final que se obtém é sombrio, triste e totalmente contrário às declarações da Square-Enix de que XIII-2 seria uma estória sobre esperança, fé e reconstrução.

Final Fantasy XIII-2
2) A Square-Enix começa a lançar como DLCs pagas o que sempre foi gratuito e parte integrante do jogo: bosses, trajes e armas opcionais. Menos de 6 meses após o lançamento oficial no Japão, foram lançadas 19 DLCs ao custo total de US$ 60, superior ao preço do próprio jogo. Já foram anunciadas, mas ainda não lançadas, novas DLCs, a custo não informado.

3) Existem fortes indícios de que a DLC Lightning: Requiem of the Goddess conterá o verdadeiro final de XIII-2. Seu preço ainda não foi anunciado, mas há indicações de que será a mais cara das DLCs do jogo.

Com relação à série Final Fantasy, caminhando em paralelo, outros eventos ocorrem:

a) Final Fantasy Type-0 XIII para PSP, parte da Fabula Nova Crystallis (conjunto que engloba também Final Fantasy XIII, XIII-2 e Final Fantasy Versus XIII) é lançado no Japão em Out/11, com a promessa de logo ser datado e lançado no Ocidente. Passados 6 meses não há mais qualquer notícia sobre esta datação e lançamento.

b) Em comemoração ao seu 10º aniversário, uma versão em HD de Final Fantasy X foi anunciada na TGS 2.011. O 10º aniversário passou, daqui há 2 meses completará 11 anos e nada mais foi dito sobre o assunto.

Final Fantasy X

c) Final Fantasy Versus XIII, anunciado na E3 2006 e que se acreditava, seria o próximo título a ser lançado após XIII, até hoje não foi datado. O último trailer foi lançado em Jan/11 e recentemente Nomura pediu mais “paciência” aos fãs.

d) O MMO Final Fantasy FFXV foi lançado para PC, com previsão de uma versão para PS3 em breve. Devido a diversos problemas, bugs e as muitas críticas de jogadores e mídia especializada, a versão para PS3 foi suspensa por tempo indeterminado. Várias atualizações foram feitas e até o momento nada mais foi dito sobre a versão em PS3.

e) Rumores indicam que Final Fantasy XV poderá ser anunciado na E3 2.012 como um MMO para WII U.

f) Até onde se tem conhecimento, não há nenhum novo Final Fantasy para consoles de mesa sendo produzido atualmente.

Com relação a outros jogos:

a) A franquia Dragon Quest teve mais um único lançamento para consoles (PS2 – Dragon Quest VIII). Após seguiu-se um título para DS (Dragon Quest IX) e o próximo título já anunciado será um MMO para WII e WII U.

Final Fantasy Versus XIII
b) Outras franquias de jrpgs amadas pelos fãs foram transferidas para os portáteis (como Kingdom Hearts, Okami, Parasite Eve e Shin Megami Tensei - Persona) ou canceladas (Valkirie Profile, Star Ocean).

c) Nenhuma nova franquia de jrpg surgiu no período.

Vistos em conjunto, todos estes FATOS, aliados aos rumores para o futuro, causam profunda tristeza e indignação aos fãs.

Fica claro que os jogos para os consoles de mesa bem como para a série Final Fantasy tem sido colocados de lado e quando finalmente são lançados o são nestes formatos irreconhecíveis, fragmentados, espoliados de seus elementos mais básicos e essenciais. Da mesma forma, fica evidente o descaso da empresa para com seus fãs, na falta de informações objetivas e concretas sobre o futuro da franquia, dos jogos para consoles de mesa. E, pior, fica patente a atitude mercantilista da empresa, ao fatiar um Final Fantasy, comercializando itens antes gratuitos e chegando ao absurdo de vender o final em separado.

Há alguma lógica nesta postura?

Sim, é claro.

Final Fantasy Type-0
Em recente visita ao Brasil, para instalação de um concurso de games, o Presidente Honorário da Square-Enix, Yasuhiro Fukushima, expressou esta lógica em palavras:

- O mercado de jogos para console está em declínio.

- O mercado de jogos para plataformas emergentes (celulares, tablets e jogos sociais no PC) está em alta.

- O custo de desenvolvimento é mínimo para estas plataformas e elevadíssimo para jogos de console de mesa.

- Os negócios da Square-Enix vão muito bem, obrigado, graças a estes novos jogos.

- A Square-Enix está priorizando lançamentos para as novas plataformas.

Ele não disse, mas podemos supor que jogos de jrpg como os da série Final Fantasy não são compatíveis com as novas plataformas, exceto na conversão para MMOs. (Não é por acaso que os próximos jogos das suas principais franquias (FF e Dragon Quest) são presumíveis de serem MMOs.)

Portanto...

Não são mais considerados prioridade para a Square-Enix.

Entretanto...

É principalmente através do nome Final Fantasy que a Square-Enix é conhecida e reconhecida. São os milhões de fãs da série que também comprarão e divulgarão os novos jogos para as novas plataformas. É nome da série Final Fantasy que empresta credibilidade à Square-Enix e que faz com que tenha ampla e gratuita divulgação na mídia especializada para cada um dos seus novos lançamentos nas novas plataformas.

Assim...

Final Fantasy VIII
A Square-Enix precisa da série Final Fantasy e da base de fãs para estabelecer seu novo negócio.

Para manter seus fãs, para fazê-los comprar os novos jogos e divulgar a amigos e conhecidos, os leva em banho-maria, lançando uma notícia aqui, outra ali, acalentando e alimentando suas esperanças, sugerindo, instigando, fazendo pensar no que nunca se concretiza ou concretiza-se em um jogo mal feito aqui, em pedaços ali, manipulando-os enquanto caminha rumo ao seu real objetivo.

E quando chegar ao seu objetivo?

Basta concluir o óbvio.

A Square-Enix joga na lama a série Final Fantasy, a quem deve todo seu império.

A Square-Enix desrespeita os milhões de fãs da franquia, responsáveis financeiros por sua existência.

A Square-Enix desonra o Japão com estas práticas comerciais no mínimo eticamente questionáveis.


Eu protesto, recuso-me a ser manipulada e a compactuar com este comportamento abusivo e alienante:


Final Fantasy IX
- Não vou comprar o final de um jogo pelo qual já paguei.

- Continuarei a ser uma fã fiel da franquia Final Fantasy, enquanto ela existir, nos moldes em que sempre existiu.

- Não jogarei Finals Fantasys espedaçados, espoliados de seus elementos básicos, mercantilizado, picotado em “n” dlcs.

- Não vou ajudar a divulgar e muito menos comprar os jogos das novas plataformas enquanto a Square-Enix continuar a exibir este comportamento questionável em relação à Final Fantasy.

- Vou boicotar todas as dlcs e novos jogos quando não estiverem de acordo com os preceitos que fizeram a marca e que nos conquistaram.

Não importa que meu protesto não seja significativo à Square-Enix ou que eu seja como uma formiguinha perante todo a imensidão de fãs que não se incomodam. Importa-me agir de acordo com minhas crenças e de me respeitar, não permitindo que ela me desrespeite.

Esta será minha singela homenagem à Final Fantasy, em respeito e agradecimento às tantas emoções e sentimentos, felicidade e alegria com que me presenteou ao longo destes anos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

(Dragon Quest IX) Críticas, primeiras impressões, detonados e minha breve vida como anjinho.

À primeira vista parece que nada mudou, exceto o enredo e os personagens. O traço característico de Akira Toryama, criador de Dragon Ball, é o mesmo. Ali estão as pequenas e bucólicas aldeias, os monstrinhos algo infantis, como o tradicional slime (a gota de água azul) e o Cruelcumber (pepino cruel. lol). A música, alegre e rítmica, algo pueril, também é a praticamente a mesma. A primeira impressão é de que a Square-Enix não quis arriscar e manteve tudo igual, apenas com algumas melhorias no gráfico, que é mais bem acabado, mas é apenas impressão. Conforme vou jogando as diferenças vão surgindo. O primeiro grande diferencial é no modo multiplayer que foi introduzido. Ainda não joguei porque não tenho o adaptador para conectar o DS à internet, mas está lá, à minha disposição. Este modo online foi responsável por um recorde mundial em 20/05/10, com mais de 100.000.000 de encontros no modo aleatório, em que se pode "esbarrar" em uma pessoa desconhecida que está andando próx

Jogando Final Fantasy XIII

Estou com um problema sério de inspiração e não consigo escrever nada no momento. Para ajudar, esta semana foi lançado um jogo que estava esperando à quase dois anos: Final Fantasy XIII. É um RPG para xbox360. Uma estória como as que escrevo, cheia de fantasia, de beleza, de encantamento. Estou no comando de um grupo de jovens idealistas que luta para libertar seu planeta de um governo tirano. rsrs O bem precisa derrotar o mal, não é? E está em minhas mãos. lol É para lá que vou por uns tempos. Peço desculpas pela pausa na estória, agradeço a visita e a compreensão. Abraços!

(FF XV) Capítulo 14 - 2 milhões de xp e 133 mil gil com o esquema dos Wyverns

Passei dois dias inteiros sem jogar. Mas valeu a pena, foi um Natal muito gostoso, como espero tenha sido o de todos vocês. Antes de ir, não resisti e fiz uma dungeon completa, a do Estreito de Crestholm. Não tem arma real lá. Eu queria fazer porque lá estava a quest da Cindy, O sempre ilustre Regália e também a quarta parte do mapa do Tesouro em papel. Também lá tem um Amuleto do Moogle, que concede + 20% de xp para quem o tiver equipado. Eu já tinha um. Acho que peguei nas Minas Balouve quando fui lá dar uma olhadela e saí correndo para não morrer. rs Bom, o Estreito de Crestholm é um labirinto com mobs lvl 39 e um monte de níveis. Você tem que acionar 7 mecanismos para abrir a porta final. Eu tentei seguir o esquema abaixo, do guia oficial, mas acabei me perdendo um monte de vezes e no fim deu tudo certo. lol Tem dois bosses. Uma espécie de medusa e um tipo de dragão. A medusa não dá quase trabalho e o dragão eu gostei da luta. Ela tem um efeito especial muito bon

(FF XII) Zodiac Job System e seu sistema de classes

Por André Anastácio O quadro de licenças e o Zodiac Job System Para quem não é familiar, o quadro de licenças de Final Fantasy XII é onde ocorre toda a customização sobre o que é que o personagem poderá fazer. É basicamente uma enorme árvore de talentos (semelhante ao Sphere Grid do X) no qual podemos seguir o caminho que desejamos e, dessa forma, customizar o estilo de combate de cada um dos personagens. Tudo que quisermos que um personagem tenha acesso - indo desde magias e técnicas, e até mesmo quais equipamentos ele poderá equipar - precisa ser comprado no quadro de licença antes de estar disponível para aquele personagem. A principal diferença entre o jogo base e o Zodiac Job System está justamente no quadro de licenças. Na primeira versão, existia apenas um enorme quadro disponível para cada personagem e não existia nada que limitasse o que é que os personagens poderiam ter acesso enquanto avançavam por ele. Dessa forma, ao chegar no fim do jogo seus personagens pod

FFXIII - Definindo as armas da equipe KILLER

Olha a cara da Lightning: cansada de esperar que defina sua arma. lol Estive segurando a decisão sobre as armas dos personagens até agora, assim como sei de algumas outras pessoas fazendo o mesmo. É complicado porque uma arma tem isto, mas em compensação é fraca naquilo e por aí vai. Não tem uma que se possa dizer realmente boa ou a definitivamente melhor para determinado personagem, exceto talvez aquelas que serão vendidas no Shop Gilgamesh que só abre a partir da conclusão da Missão 46. E nem adianta ir direto lá tentar a sorte, porque ela só desbloqueia depois que fizer a 42, que só desbloqueia... enfim. A questão de dinheiro já está relativamente resolvida e agora é decidir entre as opções disponíveis ou por armas coletadas ao longo do jogo ou que possam ser adquiridas nos shops Up the Arms ou Plautu´s. Penso que a única forma de resolver esta complicação é elegendo um diferencial e seguir por ele e no caso das armas só pode ser a propriedade especial da arma, porque potencia