Pular para o conteúdo principal

29) Dias perfeitos


Ficamos mais dois dias em São Pedro e foram poucos para o tanto a fazer, mas queríamos voltar logo para Portal do Sol. Sentíamos falta de nossas casas, do ar puro, do mar, do silêncio e, sobretudo da paz que tínhamos lá. Além disto, eu tinha esquecido os diários de papai. Estava ansiosa para saber o final da estória deles, desvendar o mistério de mamãe e quem sabe, o meu também.

Adriel queria ir a Celes, motivado pela esperança de encontrar alguma saída para nós. Eu não estava com tanta pressa disto, porque iríamos nos separar e mesmo que fosse por poucos dias, não conseguia livrar-me da sensação incômoda de que aquela viagem nos reservava algo ruim e não bom como ele esperava.

Não fossem estes motivos e gostaria de ter parado o tempo e fixado-o naqueles dias perfeitos. Embora não houvessemos mais nos beijado, sentíamo-nos muito próximos, saboreando o prazer de apenas estarmos um com o outro.

Na sexta-feira fomos a uma reunião com meu advogado. Além de seus encargos de sempre, ele aceitou encarregar-se da manutenção da casa, pagamento de contas e estas coisas chatas.

Voltamos em casa para pegar uma cesta com mantimentos, porque Adriel queria que almoçássemos no tal lugar que descobrira. Fomos de carro até um ponto e depois voando. Estava acostumando-me já aquela sensação e não tinha mais medo como nas primeiras vezes.

Fizemos um pic-nic vagaroso na cratera, aproveitando o silêncio depois de tantas buzinas e todos os ruídos da cidade. Trouxemos vários tipos de queijos, pães, frutas, vinho para mim e suco para ele. O dia estava agradável e após comermos, tiramos um cochilo rápido. Depois passamos um tempo nadando no lago de águas mornas. Batizamos o local de Cratera do Anjo e aquele seria nosso lugar especial sempre que voltássemos a São Pedro.

A tarde foi dedicada às compras para casa. Já que ficaria por um período maior na cabana queria conforto e Adriel concordou desta vez. Levou-me à loja onde comprara seus móveis. Eles tinham minha cadeira de ursinhos dos Irmãos Campana, mas fiz que não vi. Além de cara demais, seria uma total falta de senso no espaço acanhado. Não conseguia imaginar aqueles móveis imponentes em minha cabaninha rústica, mas olhando com cuidado acabamos encontrando peças menores e compatíveis, por um preço até que razoável. Bem, nem era tanta coisa assim: cama, guarda-roupas, mesa, cadeiras, escrivaninha e armários de cozinha. Como era impossível levar no carro dele, a loja providenciaria a entrega em Portal na segunda-feira.

Em casa vi que tinha mensagem na secretária. Era François, preocupado e pedindo desculpas. Apaguei irritada, mas Adriel insistiu para reconsiderar, alegando que amigos eram preciosos demais para serem jogados fora ao primeiro erro. Concordei em ir com ele à galeria amanhã. Adriel queria comprar um quadro que vira e aproveitar para conversarmos e acertarmo-nos todos. Liguei para François combinando uma visita na parte da manhã, assim logo estaria livre.

Fomos jantar em um restaurante italiano muito romântico, com velas na mesa e música ambiente. Adriel estava bonito em um jeans escuro e camisa. Eu tinha me produzido um pouco mais também e usava um vestido branco molenga com fios prateados, sensual por conta das costas nuas. Depois do jantar, dançamos abraçados por algumas músicas. Suas mãos acariciavam a pele de minhas costas e da nuca, provocando-me arrepios. O clima entre nós começou a ficar denso demais e não estranhei quando ele quis parar e ir embora.

Estava entendendo melhor meu anjo depois da noite passada e procurei não forçar uma aproximação física. Sabia que ele primeiro teria que vencer o dilema interior para depois tocar-me como desejávamos. Por enquanto, saber de seu sentimento, estar ao seu lado todos os dias e dormir abraçada a ele era o bastante.

No dia seguinte chegamos cedo na galeria e François estava gentil e educado até mesmo com Adriel. Percorreram todos os ambientes trocando idéias sobre artistas, estilos, técnicas e pude ver o olhar de François mudando do desdém inicial para a surpresa até chegar à admiração. Ri discretamente ao lembrar que Adriel continuava com suas sandálias de couro. Além de um quadro ele comprou também a estatueta de um casal beijando-se. Entendi que pensara em nosso primeiro beijo e comprava-a para eternizar aquele momento.

François convidou-nos (e agora realmente incluía Adriel no convite) para jantar esta noite. Implorou quase, dizendo que seus pais também gostariam da oportunidade não apenas para desculparem-se como para conhecê-lo melhor. Adriel aceitou antes que eu pudesse recusar. Quando saímos e o inquiri a respeito, disse que não queria que eu fechasse portas que poderia necessitar no futuro e que deveria lembrar-me sempre que François adorava-me. Perguntei-lhe como sabia e disse que explicaria no caminho de volta.

Fomos a um shopping para mais compras, almoçando por lá mesmo. Ainda precisava de eletrodomésticos e também de roupas apropriadas para a praia. Adriel aproveitou também para algumas compras e desfilei com ele, para cima e para baixo, com ares de proprietária até o final da tarde. Não resisti a uma passada no cabeleireiro, mas ele riu quando perguntei se não gostaria também de aparar o cabelo. Disse que seus cabelos não crescem e nem sua barba e que aproveitaria para comprar livros e CDs enquanto aguardava.

Depois de descarregar todas as compras em casa, tomamos banho apressados, vestimo-nos rapidamente e ainda assim chegamos atrasados ao jantar. Claire e Jacques, os pais de François pareciam realmente arrependidos. Pediram desculpas, dizendo que se deixaram dominar pelo preconceito. O jantar transcorreu agradável após os momentos iniciais. Eles comentaram a viagem a Grécia e surpreenderam-se ao ver que Adriel conhecia boa parte do mundo. Das viagens passamos às artes e ao saberem que ele tocava violoncelo ficaram encantados. Ao final, para minha diversão, Adriel tinha-os na palma da mão. Despedimo-nos novamente amigos e entendi que ele estivera certo o tempo todo. Eles gostavam de mim realmente e teria sido uma pena deixar este carinho se perder.

Fomos dormir um pouco entristecidos. Embora fosse bom voltar, aqueles dias tinham sido especiais para nós, uma pausa idílica que se findava. Amanhã voltaríamos a encarar nossos problemas e Adriel logo partiria para Celes, sem sabermos o que resultaria desta viagem.

Aqueles poderiam ser nossos últimos momentos de despreocupação e apenas ficamos nos abraçando em silêncio na cama. Minha boca estava seca de tanta vontade de um beijo e desta vez estava difícil ignorar o desejo, sentindo seu abraço forte e intenso mesclado ao sentimento de nostalgia que se apoderara de nós. Sabia que ele também queria. Ouvia as batidas mais rápidas de seu coração e esperei que a vontade fosse mais forte que o senso de responsabilidade, mas não foi. Acabei dormindo com o calor de seu corpo e o carinho em meus cabelos.


Texto registrado no Literar.

Imagem daqui.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

(Detonado) God of War III - Passo a passo completo em Português - 4a. parte

E no fim só haverá o caos! O SUBMUNDO --------------------------------------------------------------------------- Juízes do Submundo --------------------------------------------------------------------------- Esvazie os baús para conseguir orbes vermelhos, siga em frente balançando entre os pontos de pegada até chegar em uma plataforma espaçosa. O terceiro olho da Górgona e a primeira melhoria de barra de vida podem ser encontrados para a esquerda, entre os dois baús. Retorne até o objeto brilhante no centro da plataforma e então siga para receber o primeiro teste dos 3 Juízes Infernais. Teste 1: O Condenado: Bastante simples esse teste. Elimine todos os inimigos que aparecerem e as almas perdidas. evite que aos mãozinhas peguem as almas para não ficarem mais fortes. Teste 2 : A Perdição: O minotauro escondido no meio da confusão, torna a luta mais preocupante, mas dois movimentos ajudam bastante contra ele: Baterring Ram e Hyperion Ram. Quando os inimigos normais encostarem...

(FF XV) Arma suprema: como obter os Chifres em Hélice para a quest do Cid e Arroz Mãe e Filho

- Vá para Velha Lestallum e pegue a quest Os últimos espiracórnios, lvl 29. - Vá para o ponto da caçada. - Salve antes de iniciar e se o item não cair, carregue o jogo e mate novamente até cair. - Entregue a hunt. - Entregue os chifres para o Cid. - Durma algumas vezes e o Cid vai telefonar e informar que sua arma está pronta, a Arma Suprema, com ataque de 364! Para ajudar a melhorar a taxa de drop do item: - Equipe o Noctis com a Dissecadora. Esta espada é boa para quebrar membros e o chifre em hélice resistente você só consegue quebrando os chifres dos espiracórnios. - Ative o nódulo Destruidor de Demônios na seção de Combates da Ascenção. Quebra partes com translocação ofensiva. - Coma o Arroz Mãe e Filho que aumenta em 50% a taxa de obtenção de itens. - Tenha a habilidade de sobrevivência do Gládio em 10, porque também aumenta a taxa de obtenção de itens melhores. Arroz Mãe e Filho A receita para o arroz Mãe e Filho  só pode ser obtida após a finalizaç...

(FF XV) Guia oficial de Final Fantasy XV completo, em PDF, para download free

Clique na imagem para fazer o download (via torrent) Graças a Deus! Minhas preces foram atendidas e uma boa alma postou o guia oficial de Final Fantasy XV em pdf e com download free. Já baixei e a qualidade é ótima! O guia em papel é quase imprestável. As letras são minúsculas e cinza. Praticamente tem que ler com lupa. Agora em PDF tudo ficará mais fácil. Aproveitem! Sabe-se lá quanto tempo vai ficar disponível. E muito obrigada, André Anastácio, por trazer isto para nós! (Link atualizado em 13/01/17)

(FF XV) Capítulo 1 - Parte 1a - Hammerhead Region, com mapa, tesouros, missões, etc...

Abra a imagem em uma nova guia para usar o zoom e ver tudo. Tentei fazer uma gambiarra com fotos do mapa. Acho que vai dar para entenderem, com alguma boa vontade. Mostra todos os tesourinhos, com legenda ao lado. No topo central a lista das sidequests da história.  No mapa, as linhas começadas em pontos azuis são Sidequests opcionais e recomendadas pelo guia, os pontos verdes são Tours e os amarelos são Hunts. Acho que este início é mais para a gente se localizar mesmo. Eu fiquei um tempão zanzando pelo mapa e recolhendo os tesouros. Peguei a espada longa que é o ponto U4 (muito boa!) - a espada que está no ponto verde (U6) é só pós game - e os acessórios I3 e G1, além dos Mega-Elixires e e Mega-Phoenix (P1 e P2) e um monte de cacareco que ainda não sei para que serve. PELO AMOR DE FF: não vá sair por aí vendendo NADA! NADA é NADA! Passe fome, durma em acampamentos, lute com as mãos se for preciso, mas não venda nada até sabermos o que pode ser vendido ou não. Ist...

FFXV - Tá tudo aqui! (detonados, críticas, estória, dicas, gil, rare itens, farms) Só clicar.

FINAL FANTASY XV Indíce geral dos posts Grupo no Whatsapp MEU JOGO (NEIVA) Primeiras Impressões Segundas Impressões Capítulo 1 - Parte 1a - Hammerhead Capítulo 1 - Parte 1b e 2 - Leide Capítulo 2 - Parte 1 - Prairie Outpost Capítulo 2 - Parte 2 - Norduscaen Block Capítulo 3 - Cleigne Capítulo 4 - Duscae West Capítulo 5 - Ainda em Duscae/Cleigne Capítulo 5 - A saga do Catopeblas Capítulo 6 - Desânimo   Capítulo 7 - Aranea Capítulo 8 - Consertando o barco Capítulo 9 - Impactante Capítulo 10 - Stress Capítulo 11 - Trem do perigo Capítulo 12 - Denso, forte e marcante Capítulo 13 - Puro Terror Capítulo 14 - Pausa para upar Capítulo 14 - 17 lvls de uma vez Capítulo 14 - 2 kk xp e 132 k gil Capítulo 14 - Final e Shiva shivando Pós Game - Type-F, Randolph e Menaces Pós Game - Randolph Considerações Finais Despedida JOGO DO BRUNO Primeiras Impressões Primeiras Impressões Oficiais Capítulo 1 - Um novo e imens...