Pular para o conteúdo principal

38) Veneno de escorpião


(narrador)

Eileen vinha pela praia em direção à cabana e não acreditou em sua sorte ao ver Maise ali sentada e sozinha.

“Está com saudades, benzinho? Não se preocupe. Já vai parar de chorar. Para sempre!” – Pensou, desejando poder gargalhar de alegria com este presente inesperado. Olhou para todos os cantos certificando-se de que Tana não estava por perto e pensou no que fazer. Tinha imaginado em usar até mesmo força bruta para dominar ambas e agora não seria mais necessário, o que era muito melhor. Se fizesse tudo direito ainda teria uma chance de que jamais descobrissem sua autoria e poderia continuar com os planos originais.

Não precisaria usar força e poderia usar um feitiço de veneno. O “Veneno do Escorpião” era limpo e sutil. Ninguém jamais cogitaria que um encantado do bem soubesse utilizar esta arte. O problema é que era lento e demoraria 24 horas para que morresse, ainda que ficasse paralisada cerca de uma hora após. Na praia, mesmo que a cobrisse com um encantamento de ocultação sempre poderiam encontrá-la e mesmo que não houvesse medicina humana capaz de retirar o veneno de seu corpo e que nenhum encantado soubesse o contra-feitiço todo cuidado seria pouco agora.

Estava refletindo nisto quando olhou para o paredão rochoso no qual terminava a praia e lembrou-se da pequena laguna que havia dentro dele, somente acessível por magia e que era utilizada pelos Elementais para rituais com água do mar. Era conveniente porque ficavam protegidos de olhos humanos.

“E agora é mais do que conveniente para esconder uma humana que, teoricamente, jamais conseguiria entrar lá sozinha. Perfeito!!!” – Radiante com a idéia voou até a pedra mágica que dava entrada à laguna. Pronunciou as palavras mágicas e a pedra começou a ranger, deslocando-se para um dos lados. “Ótimo! Quanto mais barulho, melhor!” – Ficou bem pequena para não ser vista e observou o resultado.

Na praia, Maise escutou o ruído e olhou na direção do paredão. Avistou a abertura e intrigada começou a aproximar-se, pensando em como jamais percebera que existia aquela passagem. Subiu com cuidado pedra por pedra até chegar à entrada, no meio do paredão.

Após atravessar a curta passagem ficou observando extasiada a beleza selvagem e intocada da pequenina laguna. Caminhou até a minúscula praia em forma de meia-lua, admirando a areia ainda mais branca e a tonalidade transparente da água.

Tinha parado de chorar e parecia quase feliz observando o local. Nem percebeu o fechamento da passagem que coincidiu com a picada no pé. Viu um pequeno escorpião fugindo para a vegetação e sentou-se para massagear a área que tinha sido picada e que agora ardia.

Sentiu-se um pouco tonta e achou melhor voltar para a cabana. “Tana saberá o que fazer” – Pensou esquecida já da rusga anterior. Levantou-se e caminhou apressada para a passagem. Tinha certeza de que estava no ponto exato por onde entrara, mas ali só existia pedra agora. Com a tontura aumentando e com um pouco de náuseas, achou que poderia ter se enganado e começou a procurar ao longo do paredão, percorrendo-o em toda sua extensão e chegando ao final sem ver nada além de pedras.

Com o pensamento confuso, cogitou ter vindo pelo mar e tentou chegar a ele, mas as pernas não obedeceram ao comando e caiu. Ainda tentou arrastar-se, mas a visão estava turva demais e não sabia se estava indo para a direção certa. Fechou os olhos para melhorar a visão e quando tentou abri-los novamente não conseguiu.

“A bruxa!” – Concluiu um segundo antes de ficar inconsciente.

Eileen aproximou-se já em seu aspecto normal e chutou-a levemente para ter certeza de que estava desmaiada.

“Pronto, benzinho! Sem mais choro, sem mais tristezas. Acabou-se para você!” – E gargalhou com vontade, eufórica com sua vitória, mas logo em seguida controlou-se e arrastou Maise pelos braços, levando-a para a vegetação espessa que circundava o paredão, ocultando-a completamente. Afastou-se até a entrada mágica e olhou bem para certificar-se de que mesmo que a procurassem aqui não a encontrariam. Satisfeita com o resultado pronunciou novamente as palavras mágica e desapareceu na passagem.

Do outro lado, repetiu as palavras para rolar a pedra um segundo antes de Tana aparecer na ponta da trilha em busca de Maise. Diminuiu rapidamente e observou com o coração disparado.

Tana olhou para todos os lados com as mãos na cintura, parecendo surpreendida ao não ver Maise no lugar costumeiro. Seguiu então em direção à outra ponta da praia, onde estava a casa de Adriel. Lá chegando, buscou em todos os ambientes, chamando por seu nome sem ter resposta.

- Onde foi parar esta menina? – Falou para si mesma. O almoço estava pronto e logo estaria na hora de irem à recepção em Etera e ela ainda teria que aprontar-se. Queria que estivesse linda quando conhecesse enfim a avó e os encantados.

Voltou à cabana com a esperança de que tivesse retornado por outro caminho enquanto estava ali, mas a casa estava vazia e nem sinal de Maise. Procurou na área próxima, chamando-a insistentemente.

Quando mais uma hora passou sem qualquer avanço começou a preocupar-se seriamente. Será que fora à vila? Não era provável. A caminhonete estava ali e era muito longe para ir à pé. Não que fosse impossível, mas que motivo teria para tanto?

“E agora?” – Não conseguia decidir o que fazer. Ir até a vila procurar sozinha ou avisar a rainha e pedir reforços para a busca? Se Maise aparecesse dali a pouco, teria causado um grande tumulto sem necessidade, mas... e se não aparecesse e estivesse perdendo minutos importantes? Lembrou-se da tentativa de assassinato e gelou, decidindo avisar a rainha.

Atravessou uma Etera irreconhecível de tão enfeitada para a recepção da princesa e teve vontade de chorar ao pensar na decepção de todos.

A rainha ficou lívida ao ouvir a notícia, mas agiu rapidamente pedindo que todos os encantados fossem convocados e poucos minutos após apareceu na sacada para falar à centena de pequeninos seres que se reuniam em frente ao palácio.

Um grande burburinho instalou-se ao seu comunicado de que a princesa estava desaparecida e a rainha teve que exigir silêncio para continuar. Pediu a todos que saíssem e varressem a região de Portal de ponta a ponta em busca de Maise.

Combinaram reunir-se para troca de notícias em frente à casa de Adriel, um ponto central entre a cabana e Etera.

Era o começo da tarde e até o cair da noite cada pedra, canto, árvore, matagal, gruta ou esconderijo natural foi examinado. Fadas habituadas aos humanos percorreram Portal do Sol sem perguntar por Maise, mas com olhos e ouvidos bem atentos. Tana ligou para Antônio com uma desculpa esfarrada e no meio da conversa perguntou se tinham visto Maise e a resposta foi negativa.

Ao início da noite ninguém mais tinha onde procurar. Ela não estava em lugar algum da região.

A esta altura todos já sabiam que o desaparecimento não fora natural. Maise estava ansiosa para conhecer Etera e a avó e não perderia a hora desta forma. Um acidente ou algo pior acontecera. A rainha insistiu para que retornassem e revissem novamente cada minúsculo pedaço de Portal do Sol e segurando pequenas tochas todos saíram para nova busca.

A rainha insistiu novamente com a Fada do Oráculo, mas ela não conseguiu determinar o local onde Maise estava. Fez e refez seus rituais e a resposta era sempre a mesma:

- “A princesa está com o escorpião e somente pode ser encontrada através do coração.” Lamento, minha rainha é só esta a mensagem de meus oráculos. – Dizia a Fada.

- O que isto quer dizer? – Perguntava a rainha? – Quem é este escorpião? Como assim, encontrar através do coração? É alguma magia?

A Fada do Oráculo abaixou a cabeça entristecida, sem saber como interpretar a mensagem cifrada.

- Reúna algumas fadas. Passaremos a noite em círculo enviando energias e sorte para aqueles que buscam.

O círculo se formou com meia dúzia delas e por toda a noite dançaram entoando cântigos rituais.

Enquanto isto na pequena laguna, oculta pela vegetação Maise continuava inconsciente. O veneno enfeitiçado avançava pelo seu corpo e em menos de 12 horas atingiria seus órgãos vitais, congelando-os para sempre.



Texto registrado no Literar.

Laguna: em geomorfologia, o termo laguna se refere a uma depressão formada por água salobra ou salgada, localizada na borda litorânea, comunicando-se com o mar através de canal, constituindo assim uma espécie de "quase-lago". Fonte: wikipedia.

Imagem: postada com autorização da artista Vervex


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Final Fantasy XIII: crítica, dicas e walkthrough (detonado, passo a passo)

PARA OS GAME LOVERS DA FRANQUIA FINAL FANTASY Dois anos de agonia sobrevivendo à base de míseros trailers, com remarcações sistemáticas da data de lançamento para isto??? A Square-Enix endoideceu? Terceirizaram o desenvolvimento do jogo para alguma empresa de fundo de quintal? Cadê nossa liberdade de ir e vir, de escolher o que fazer primeiro, de explorar o mundo? Onde estão os segredos, os tesouros ocultos, as mini quests, os bosses opcionais, as armas invencíveis? Inimigos aleatórios, mudanças de roupas, escolha do time, das habilidades, das armas? Nem pensar. E por falar em armas e acessórios, que vergonha! Francamente. E o upgrade das armas então? Meo Deus!!! Fala sério!!! O sistema de evolução dos caracteres? A tal da Crystalium System? Fenomenal... De ruim! Então você não pode escolher para onde ir (é sempre em frente), não pode voltar, não há recantos escondidos, não decide com quem joga e é conduzido ou induzido com relação á natureza de cada caracter. A sua esco...

FFXIII - Tá tudo aqui! (detonado, críticas, estória, dicas, gil, rare itens, farms) Só clicar.

FINAL FANTASY XIII - Indíce geral dos posts História do jogo traduzida A verdadeira história PERSONAGENS Lightning Snow Hope Filhote de Chocobo MEU JOGO Capitulos 1 a 4 Capítulos 5 e 6 Capítulo 7 a Capítulo 7 b Capítulo 8 Capítulo 9 a Capítulo 9 b Capítulo 9 c Capítulo 10 a Capítulo 10 b Capítulo 11 a Capítulo 11 b Capítulo 11 c Capítulo 11 – Mah’Habara a Capítulo 11 – Mah’Habara b Capítulo 11 – Sulyya Springs Capítulo 11 – Taejin Towers Capítulo 11 – Oerba a Capítulo 11 – Oerba b Capítulo 12 - Eden Capítulo 13 – Bosses finais Capítulo 13 - Final Grandioso Pós Game – Titan’s Trial Pós Game - Organizando Pós Game – Círculo de Stones Pós Game – A saga das tartarugas Pós Game –Long Gui Pós Game – Good Bye Trailer de FFXIII dublado em português PULSE Chocobos Mapa de Chocobos e tesouros Primeiro passeio Escavando Tesouros Tesouros e nova área MISSÕES l’CIE STONES As l´Cie Stones Guia das 64 missões Dicas iniciais Lost Retificaçõ...

(FFXIII-2) É o fim? O que está acontecendo com a Square-Enix?

Gráfico do preço das ações da Square-Enix de 2008 a hoje. Fonte Em todos os lugares que leio as pessoas estão aturdidas e se perguntam: o que ela está pensando? O que ela está fazendo? Onde quer chegar? O que quer fazer? WTF!!! O que é isto? Ela tinha a melhor franquia de jRPGs, uma base sólida e ávida de fãs que apenas desejavam que fizesse o que sempre fez: excelentes jogos, com boas estórias, personagens carismáticos, mapas grandes para exploração, áreas secretas, lutas com chefes poderosos e um final coerente, no PS3 e/ou Xbox360. Ao invés disto, vimos toneladas de jogos para telinha (PSP/DS/Celulares), um MMO trágico e um único jogo (Final Fantasy XIII) para grandes consoles com um enredo picotado e confuso. Ainda assim vendeu bem e os fãs aguardaram pacientemente pelo que se anunciava ser o melhor de todos, Versus XIII. A maioria de nós aceitou quando Versus foi postergado e em seu lugar anunciaram a vinda de Final Fantasy XIII-2, porque queríamos a oportunidade de dar ...

FFXIII-2: Um mundo sem Deusa - Final Secreto

Tela de abertura do final secreto Aí está escrito, segundo traduções:  Final Secreto: Um mundo sem Deusa "Uma vez que todos os finais paradoxos são vistos e todos os 160 fragmentos são recolhidos, o final secreto, Um mundo sem Deusa, vai aparecer depois dos créditos." http://finalfantasy.wikia.com/wiki/Final_Fantasy_XIII-2 ... Alguém já terminou e já viu o final secreto. Estou procurando na net. Aparentemente outras pessoas já viram, como o Daniel, mas não tenho o endereço ainda. Enquanto isto, fiquem de olho em Leta , atualmente com 159 fragmentos e Teakdoc com 158. Pode acontecer em minutos ou horas. Ansiedade!!! ... Final secreto acontecendo agora !!! http://ja.twitch.tv/leta_jp O passado sendo refeito.

FFXIII-2: Jogando. Primeiras impressões, finalmente. Detonados, lista de fragmentos, de monstros, dicas, etc...

Imagem de LuLuInDaHouse via Devianart Ontem, finalmente, consegui jogar. E joguei muito! lol O conjunto realmente agrada. A jogabilidade, como eu imaginava, é divina. Gostosa, ágil, eficiente. Serah nem parece tola e não incomoda até agora. Seu cabelo brilha demais, como cabelo de plástico, de boneca e só. rs Noel é ótimo! Charmoso, adulto, equilibrado, tudo de bom. :D As lutas... Ah... As lutas! Caramba, que saudades estava disto!!! Show... Impecável. Monstros fortes na medida certa para não ser muito fácil e nem impossível. Para falar a verdade, andei morrendo algumas vezes, logo no comecinho. E avançando um pouco mais, agradeci todos os Deuses por ter jogado XIII e entender direitinho o que é um Ravager, um Comander e saber usar os paradigmas também. Para quem está começando ou esqueceu ou não sabia ainda: Role: perfil de ataque do personagem. Resumidamente pode ser Comander (ataque), Ravager (ataque), Sabouter (debuff), Syntetizer (buff), Medic (cura) e Sentinel (proteçã...