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Xenoblade Chronicles 3 - Entendendo a história e sua conexão com os jogos anteriores

 A série Xenoblade já ficou conhecida por ter histórias complexas, juntando elementos de ficção científica e fantasia para montar enredos que envolvem viagens no tempo, múltiplos universos e até mesmo questionamentos profundos como o motivo de nossa existência e as origens da vida.

Há alguns dias atrás finalmente terminei a história de Xenoblade Chronicles 3 e, para bem ou para mal, tem sido um desafio montar as diversas peças necessárias para entender 100% dos seus mistérios. A ideia desse post é organizar todas as informações que conseguimos encontrar até o momento e que ajudam a entender melhor a história do jogo, assim como suas conexões com os dois jogos anteriores da série. Acredito que já esteja claro, mas esse post irá possuir spoilers gigantes dos três games da série Xenoblade.

A Lore do Universo de Xenoblade

Antes de mais nada, é importante conhecer conceitos importantes dos dois primeiros jogos da série. Para isso, recomendo clicar aqui para ler o nosso resumo de Xenoblade 1 e aqui para o resumo de Xenoblade 2.
Entender algumas definições como Blades, Flesh Eater, origem do mundo dos dois jogos e seus personagens principais é fundamental para entender totalmente a história de Xenoblade 3, por isso recomendo novamente a leitura desses dois posts antes de prosseguir.

Agora vamos sintetizar algumas informações básicas que precisamos entender antes de continuar:

O mundo original da história é o mundo de Xenoblade Chronicles 2. É nele que um grupo de cientistas descobre o artefato chamado "O Condutor" e um dos líderes da pesquisa (Klaus) o ativa durante um experimento, abrindo um portal para "outros mundos" e causando uma enorme destruição no mundo dele.

Em Xenoblade Chronicles 1, descobrimos que quando Klaus ativou este dispositivo, criou um outro mundo inteiro e metade do seu corpo (juntamente com uma das cientistas que estava presente quando ele ativou o dispositivo) foi parar lá. Eles criam Bionis e Mechonis e dão o início nos eventos da história principal do primeiro jogo.

O Condutor, em Xenoblade Chronicles 2

Os dois jogos acontecem simultaneamente, e após derrotarmos os bosses finais, o Klaus de Xenoblade 2 nos explica que suas duas metades e o Condutor estão prestes a desaparecer.

Naquele momento não entendemos as implicações disso, mas o desaparecimento do Condutor acaba sendo o catalisador para a história de Xenoblade 3.

Agora que já conhecemos um básico das histórias anteriores, é hora de falar sobre a história do terceiro jogo.

Logo na abertura, vemos uma cena onde crianças estão brincando em uma praça e dentre elas está Noah, o protagonista do jogo. De repente, Noah vê todos da cidade "congelando", como se algo tivesse paralisado até mesmo as gotículas de água que estão no ar. Ao erguer a cabeça, ele vê o que parece ser um outro planeta quase colidindo com o seu.

A cena misteriosa se encerra ali e partimos para o começo do game sem grades explicações inicialmente. Com o decorrer da história descobrimos que estamos em um mundo chamado Aionios e começamos a ver sinais de que este mundo é uma mistura dos mundos dos dois primeiros jogos.

Temos sinais óbvios no cenário, como a espada de Mechonis (XC1) e o corpo do titã Uraya (XC2).


Temos raças como os High Entia (XC1), Machinas (XC1), Gormottis (XC2) e Blades (XC2).

Na gameplay, temos o fato das artes das classes da nação Keves se recarregarem com o passar do tempo (XC1) e as de Agnus se recarregarem através de Auto Attack (XC2).

E temos também mapas com nome que fazem menção direta a regiões dos jogos anteriores como Erythia Sea (XC1), Aegis Sea (XC2) e Uraya Tunnels (XC2).

Tenho certeza que existem outras referências por aí, mas essas são as que estão frescas na mente e são fáceis de representar.

Considerando esses sinais, durante parte da história já começamos a entender que, de alguma forma, esse mundo parece ser uma mistura (ou fusão / colisão) do mundo dos dois primeiros games.

Essa revelação só é feita oficialmente no capítulo 6, onde conhecemos as verdadeiras rainhas de Keves e Agnus. Aqueles que estão familiarizados com os dois primeiros jogos imediatamente as reconhecem como sendo Melia e Nia, de Xenoblade Chronicles 1 e 2 respectivamente.

Percebemos que elas estão mais velhas, o que sugere que muitos anos se passaram desde os eventos em que vivemos em Xenoblade 1 e 2. Nia ainda está viva por ser uma Flesh Eater, uma mistura entre Blades e Humanos e Melia pertence a raça dos High Entia, uma raça lendária que vive por séculos.

Nesse momento, elas nos explicam que habitavam seus mundos até que, um dia, algo provocou uma reação onde os dois mundos começaram a se atrair, entrando em rota de colisão um com o outro. Apesar do jogo nunca deixar claro o que é que foi esse catalisador, conhecendo a história dos jogos anteriores conseguimos deduzir que o desaparecimento do Condutor pode ter sido o gatilho para que os mundos se atraíssem, já que ele foi o motivo deles terem se separado e a sua existência era o que sustentava a conexão entre os dois.

Um dia, através de um "sinal de luz" as duas descobrem sobre o outro mundo e essa possível colisão, e decidem trabalhar juntas e usar todo o seu intelecto para criar uma solução que salvasse ambos.

A solução criada por elas foi desenvolver uma arca chama "Origem", que seria abastecida com todo o conhecimento e até mesmo a alma dos habitantes dos dois mundos. Com metade dessa arca construída em cada um dos mundos, após o processo de colisão a arca ativaria, separando os dois planetas novamente e restaurando cada um de seus habitantes para seu estado no momento de antes da colisão.


O problema foi que algo deu errado no momento da colisão e um ser chamado Z foi criado a partir do medo do futuro incerto que havia na alma das pessoas contidas na arca. Este ser tomou o controle sobre os mundos e interrompeu o processo de separação, criando um terceiro mundo que estaria completamente parado no tempo e seria controlado por ele. Para manter sua existência, ele desenvolveu um plano onde usaria a alma dos habitantes da arca como energia para alimentar A Origem e manter o "eterno agora", nome dado por ele ao estado estático em que ele havia colocado o mundo atual.

Para dar prosseguimento neste plano, ele aprisionou uma das rainhas (Melia) dentro da Origem para usá-la como chave para controlar a arca. Antes de ser aprisionada ela criou a "Sword of the End", uma arma capaz de ferir Z. Nia conseguiu escapar e foi a responsável por criar as formas de combate chamadas "Ouroboros", na esperança de que um dia alguém conseguisse usar esse poder para enfrentar e derrotar Z. Após isso, ela se colocou em um estado adormecido para aguardar por aqueles capazes de enfrentá-lo.

Z precisava de um plano para continuar realimentando Origem e manter o Eterno Agora e, para isso, ele criou versões mecânicas de ambas as rainhas, assim como as nações de Keves e Agnus e todo o teatro da guerra. Ele usou as almas dos habitantes para criar réplicas de seus corpos em ambas as nações e, para evitar que questionassem sua situação atual, os colocou em um estado de guerra eterna na qual eles se matariam e renasceriam constantemente para manter o estado estático que ele havia criado.

Para o ajudar a manter seu plano em andamento, ele recrutou alguns dos habitantes de sua nova realidade e os chamou de "Moebius", que trabalhariam como generais das colônias e ajudariam a manter a guerra constante entre as duas nações. Em troca de sua serventia, seus "Consuls" recebiam vida eterna e parte do poder da Origem para ficarem consideravelmente mais forte.

Durante os acontecimentos finais do jogo, o nosso grupo de heróis liberta as duas rainhas, conseguem invadir "Origem" e com a ajuda delas e de todas as colônias conseguimos derrotar Z. Após ele ser derrotado, o grupo se vê diante da possibilidade de retomar o plano inicial e concordam em executá-lo, reativando Origem no momento da colisão e permitindo que os dois mundos fossem recriados novamente.

Nas cenas finais, voltamos para o momento em que Noah presencia os mundos colidindo, mas dessa vez nada acontece e a cena com as crianças na praça segue normalmente. Ele escuta uma música ao fundo (a melodia dos Off-Seers) e a segue.

Não ficou claro se o grupo conseguirá se reunir após os eventos finais, já que o plano de reconstruir os mundos aparentemente deu certo, mas a melodia no final junto com as últimas palavras de Mio nos deixam esperançosos de que enfim um final feliz aguardo ao grupo.

Entendendo N, M, Noah e Mio

Além de X, Y e Z, os dois Moebius que funcionam diferente do padrão dos outros são N e M, os quais descobrimos serem Noah e Mio de um passado distante. Durante um tempo nos perguntamos qual o motivo de apenas eles (N e M) estarem vivos ao mesmo tempo em que seus clones normais (Noah e Mio) também vivem dentro do ciclo de guerra das nações, jé que em teoria ao se tornar Moebius aquela pessoa é removida do ciclo eterno de vida e morte.


Durante cutscenes do capítulo 6 vemos que no passado Z apareceu para diferentes versões de Noah para propor a ele que entre para o seu grupo de Moebius, já que ele estava profundamente abalado por perder sua Mio inúmeras vezes naquele ciclo sem fim.

Uma das versões de Noah decide aceitar e, para ser aceito, ele precisou atacar a antiga cidade onde o grupo de resistência "Lost Numbers" se reunia. Através desse ataque Z não só garantiu a ele os poderes de Moebius, mas também forçou Mio a se juntar a eles no Eterno Agora.

Juntando informações In Game com alguns dados da Wiki, entendemos agora que o Noah e a Mio que controlamos são uma manifestação da consciência de N e M, que são os únicos não completamente satisfeitos com seu estado de Moebius. Isso fica claro quando percebemos que todos os outros Consuls são literais psicopatas, que aderiram com prazer sua posição de superioridade enquanto brincam com as vidas de todos os outros.

Diferente deles, N e M não são assim. N em seu estado atual está consumido pelo arrependimento por ter traído seus antigos companheiros e sempre se cobrou por nunca ter conseguido proteger sua Mio, transformando-o em um ser rancoroso, triste e desesperado. Já M nunca quis viver no Eterno Agora e chega ao ponto de trocar de lugar com a Mio que conhecemos para que pudesse finalmente morrer e se livrar da "prisão" no qual seu antigo Noah a aprisionara.

No final do game ambos N e M conseguem se redimir, manifestando seus espíritos para acabar com Z de uma vez por todas.


Por fim, vou listar aqui alguns pontos não esclarecidos que ainda geram algumas dúvidas em nossas discussões:

  • O que era a névoa preta presente em vários momentos do game? Essa névoa apareceu pela primeira vez no episódio Future Connected, que foi lançado na versão remasterizada de Xenoblade Chronicles 1 para Nintendo Switch. Acredito que ela possa ter sido o primeiro sinal da colisão dentre os mundos, mas até o momento isso não ficou muito claro. O que me intrigou foi ver a névoa se comportando de formas diferentes ao longo do jogo, prejudicando a comunicação dos Moebius, antecedendo os fenômenos de "aniquilação" e até mesmo interferindo em algumas lutas. Não sei se é apenas um fenômeno natural, mas ainda não encontrei uma resposta satisfatória pra isso.

  • Em um determinado momento foi citado que X, Y e Z foram os primeiros Moebius. Se Z era a manifestação do medo dos habitantes de Origem, não entendi o motivo da criação dos outros 2. Eles inclusive são os únicos Moebius que possuem o rosto rachado, semelhante a Z.

  • Por falar em Z, ele é incrivelmente semelhante a Klaus. O cabelo é idêntico e durante as cenas iniciais sempre vemos apenas metade de seu rosto, exatamente como foi com Klaus em Xenoblade 2. Será apenas uma coincidência ou tem algo aí?

  • Por último, andei pensando bastante sobre o motivo de apenas Nia e Melia terem sobrevivido e estar presente para os eventos de Xenoblade 3. Como o jogo não explica claramente o que aconteceu no espaço de tempo entre os jogos, o que consegui concluir foi:
    Ao final de Xenoblade 2, Klaus diz que dará a Rex um presente final. Neste momento ele executa um comando que quebra com o ciclo de Blades/Titãs para que os Blades vivam vidas normais. O jogo não detalha exatamente o que aconteceu com os Blades existentes no momento dessa mudança, mas a foto final mostrando Nia, Pyra e Mythra carregando bebês indica que os Blades passaram a funcionar como Humanos e possuíam um ciclo de vida normal (exceto os que haviam se tornado Flesh Eater anteriormente). Sendo assim, Nia e Poppi seriam de fato as únicas a sobreviver durante muitos anos. Em relação aos personagens de Xenoblade 1, apenas Melia está viva devido ao fato dos High Entia viverem milhares de anos.

Bom, acho que é isso. Como disse anteriormente, é uma história grandiosa lotada de momentos emocionantes e cenas de tirar o fôlego. Apesar das perguntas não respondidas, me senti feliz com a maior parte dos desfechos e nesse momento só gostaria de não ter que esperar 1 ano e meio para a DLC que trará novos elementos de história e possivelmente algumas respostas.

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