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2) Portal do Sol



Dois dias depois cheguei a Portal do Sol, completamente exausta e amassada depois de ser chacoalhada por horas dentro de um ônibus velho, que me deixou apreensiva de verdade percorrendo a estrada de terra esburacada a uma velocidade impossível.

A Estação Rodoviária era uma casa simples, com uma porta, um balcão, um funcionário sonolento e um banheiro que não quis testar apesar da vontade de passar uma água no rosto e um pente nos cabelos.

Perguntei pelo Antonio e o atendente indicou-me um bar do outro lado da rua. Apesar do cansaço notei que a rua principal da vila até que tinha seu charme, com vários pequenos negócios ao longo de uma praça bem florida ladeada em ambos os lados por igrejas.

“Seriam católicas ambas ou tínhamos aqui uma divergência religiosa a dividir os aldeões?” - Pensei divertida.

No bar, Antônio era um senhor de pele curtida do sol, sorriso largo e aberto. Abraçou-me em seu corpo farto como se fosse uma amiga de infância que não visse há anos e extremamente constrangida, sem saber o que fazer, apenas me deixei abraçar.

Quando consegui falar pedi que me levasse à cabana explicando estar muito cansada. Parecendo ter entendido gritou algo para o menino nos fundos, pegou seu chapéu e saímos em direção a uma caminhonete parda estacionada à frente do bar.

O trajeto de poucos minutos foi feito enquanto ele contava todas as maravilhas do lugar e de como gostaria da cabana, mas quando chegamos apenas não voltei imediatamente por estar no limite das forças.

Ela parecia mesmo abandonada por 20 anos, com mato invadindo a pequena varanda e muitos entulhos ao seu redor. A porta meio travada enfim abriu-se com um empurrão de ombros e ao o fazer levantou uma onda de poeira que me cegou temporariamente.

- Ah, meu Deus! – exclamei aturdida. – Antonio, o que é isto? Ela não está em condições de ser habitada por um ser humano.

- Desculpe querida. Limpo de vez em quando e ia fazer isto amanhã. Não pensei que viria tão rápido, mas não se preocupe que enviarei uma pessoa para limpar tudo para você. Verá como é linda depois de arrumada. Quer ficar em minha casa enquanto isto? – Ele pareceu realmente constrangido e estava tão cansada que não me imaginava passando a noite com desconhecidos, por mais amáveis que fossem. Então apenas recusei com um agradecimento.

Combinamos que na primeira hora da manhã sua esposa e um ajudante viriam para limpar por dentro e por fora e também me trariam mantimentos. E depois de testar água e luz, ele se foi. Sentei-me na mala e olhei desanimada para meu novo lar nas próximas semanas.

“Talvez fique melhor amanhã” – Pensei tentando ser otimista e observei o grande ambiente sem divisões que comportava um arremedo de cozinha composto de pia, fogão, mini geladeira e um armário velho de madeira. À frente uma mesa pequena, coberta por um plástico xadrez e duas cadeiras desiguais. Nos fundos em um patamar pouco mais elevado, uma cama de casal, outra pequena mesa com cadeira, vagamente parecida com uma penteadeira e um velho guarda-roupas.

- Oh oh... Isto não está bem, nada bem. – Falei com voz alta. – Também quem mandou vir sem antes verificar se estava habitável realmente? É o que você merece Maise, por ser assim imprudente.

- Ok, ok... Mais uma culpa para se juntar ao meu pote já grande e transbordante. Talvez devesse mesmo comprar um chicote para me punir. – Retruquei em minha própria defesa, contra a autocrítica, pelo bem de meu humor já bem ruim a esta altura.

Tirei um jogo de lençóis de minha mala, estendi-os da melhor forma que pude e desabei de roupas e tudo apenas para descansar alguns minutos.

Texto registrado no Literar

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