Pular para o conteúdo principal

10) O Medalhão das Fadas


"Será mesmo que ela está tão atraída por mim quanto eu por ela? Não deveria, mas gosto disto. Gosto demais até." - Estava realmente feliz naquele momento, após ouvir aquele elogio tão espontâneo.

“Como ela consegue ver minhas asas e o brilho? Nenhum outro humano até hoje conseguiu. Gostaria de lhe contar a verdade. Embora não tenha mentido, dei a entender que estava vendo coisas. Agora está confusa e é melhor assim. Não posso deixar que saiba da verdade. Iria querer saber mais e seria perigoso para nós e muito mais para ela.” - Dirigia parecendo concentrado na direção, mas na realidade estava pensando.

Ela também parecia distraída em seus pensamentos e ficamos os dois em um silêncio pacato e agradável. Estar com ela era assim: surpreendentemente bom! Na volta poderia perguntar e saber mais sobre ela. Agora apenas aproveitava esta quietude gostosa envolvido pelo calor de nossos corpos na noite um pouco fria.

Logo chegamos à casa de Antônio, bastante iluminada. De fora ainda ouvimos o som da música regional. Ele estava nos aguardando na entrada e abraçou Maise com carinho, cumprimentando-me com os olhos ao mesmo tempo.

A festa acontecia em seu imenso quintal com o cheiro da carne que assava na churrasqueira impregnando todo o ambiente, uma pequena fogueira em outro canto assando espigas de milho e batatas doces, várias mesas com cadeiras espalhadas e uma maior com comidas e bebidas. Parece que a vila inteira tinha vindo. Reconheci diversos aldeões e suas mulheres em vestidos floridos e alegres. Até as crianças estavam aqui, brincando juntas.

Quando entramos, todos nos olharam. Já me conheciam e embora pudessem estranhar minha presença era em Maise que se concentravam. Percebi o interesse mais do que casual em alguns moços e até mesmo nos homens casados. Devia ter imaginado. Maise era linda. Sua pele branca, os cabelos dourados e os olhos azuis não eram comuns nem mesmo em cidades maiores, mas aqui forneciam um contraste forte com a pele bronzeada e os cabelos e olhos escuros das aldeãs.

Aproximei-me mais dela. Não a deixaria à mercê destes homens. Toquei-a delicadamente no braço, perto do cotovelo. Era delicioso a tocar e como não fez nenhum gesto para se afastar, deixei ali minha mão. Era um recado claro e podia ver que não gostaram. Melhor assim. Ela era jovem, inexperiente e indefesa demais para lidar com estes matutos.

Antônio nos levou de lado a lado apresentando todos: Mário, o dono da farmácia, José, gerente do banco, Cida, dona da loja de roupas e tantos outros que logo os nomes e os rostos se tornaram um borrão confuso. Foram muito amáveis e logo estávamos ambientados, conversando e rindo. O som estava mais baixo agora de modo a permitir algum conforto nos diálogos.

Comemos sentados na mesa de Antônio e sua esposa Marta que Maise já conhecia. Riram lembrando-se da quantidade insana de pó que tiraram da cabana no primeiro dia e combinaram uma visita no próximo final de semana.

Não sai de seu lado, pouco interessado nas conversas, apenas a observando. Ela parecia à vontade e feliz. Era um prazer ver como interagia alegremente com eles.

Após o jantar a música ficou novamente alta e rápida. Maise não quis dançar e fomos para a sala onde um pequeno grupo conversava animado. Apresentaram-nos a uma mulher a quem ainda não conhecia: Rita. Maise a reconheceu. Era a dona da loja de bijuterias que tinha uma barraca na feira. Maise mostrou-lhe o medalhão no colar que levava ao pescoço e que até então estivera oculto pelo vestido.

Notei o choque de Rita. Ficou pálida, observando-o muito mais tempo do que seria normal antes de falar:

- É o símbolo de proteção das Fadas. Parece original e não cópias como os que vendo, ainda que não possa saber ao certo porque nunca vi um original. Como o conseguiu?

- Foi um presente de minha mãe, quando fiz 18 anos. Como assim original? – Maise perguntou.

- Já vi em alguns livros que estudei sobre o assunto. Elas presenteiam humanos de quem gostam com um destes e é um amuleto de proteção além de distinguir o portador para outros Elementais, caso vejam.

- Elementais? – Maise parecia confusa ao perguntar.

- Seres etéreos que representam os quatro elementos básicos da Terra: ar, água, fogo e terra. São as fadas, duendes, elfos, salamandras, ondinas, sílfides e muitos outros. Pequenos seres que cuidam de nosso planeta e também dos humanos, caso algum saiba se aproximar e os cativar. Dizem que Portal do Sol é a entrada para o mundo encantado de Etera, onde vivem.

- Sério? – Maise estava interessada. Será que estava acreditando?

- São lendas, basicamente. Estórias que se contam. Ninguém tem fotografias ou provas da existência deles, ainda que nós aqui em Portal acreditemos neles. – Respondeu Rita levantando-se.

- Desculpem, lembrei-me de algo. Tenho que ir agora. Quando puder, apareça em minha loja, conversaremos mais sobre as Fadas e mostro os livros e ilustrações que tenho. – Então se despediu dos mais próximos e saiu parecendo apressada.

Maise olhou-me curiosa como que perguntando o que eu pensava sobre o assunto. Dei de ombros, como se fossem bobagens que nem considerava e que tanto fazia serem verdadeiras ou não. Ela pareceu desapontada, mas contar-lhe o que sabia seria tão ruim quanto dizer sobre as asas. Era melhor deixar o assunto morrer.

Enquanto estávamos conversando na sala, o som mudara e agora as melodias eram lentas e românticas. Todos se encaminharam novamente ao quintal, incluindo nós, para observar os casais dançando.

- Dança comigo, Adriel? - Perguntou ela, olhando-me com aqueles olhos azuis profundos. Seriam meu fim, certamente. Não conseguiria recusar. O problema é que não tinha a menor idéia de como dançar, se bem que observando os humanos, não parecia tão difícil. Difícil seria estar com ela assim tão próxima, quando deveria afastar-me. Só esta noite, tinha me prometido. Foi esta a desculpa que me dei quando a acompanhei até a pretensa pista de dança no centro livre do quintal.


Texto registrado no Literar

Imagem: montagem minha à partir das fotos de dois pingentes encontrados na net.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Final Fantasy XIII: crítica, dicas e walkthrough (detonado, passo a passo)

PARA OS GAME LOVERS DA FRANQUIA FINAL FANTASY Dois anos de agonia sobrevivendo à base de míseros trailers, com remarcações sistemáticas da data de lançamento para isto??? A Square-Enix endoideceu? Terceirizaram o desenvolvimento do jogo para alguma empresa de fundo de quintal? Cadê nossa liberdade de ir e vir, de escolher o que fazer primeiro, de explorar o mundo? Onde estão os segredos, os tesouros ocultos, as mini quests, os bosses opcionais, as armas invencíveis? Inimigos aleatórios, mudanças de roupas, escolha do time, das habilidades, das armas? Nem pensar. E por falar em armas e acessórios, que vergonha! Francamente. E o upgrade das armas então? Meo Deus!!! Fala sério!!! O sistema de evolução dos caracteres? A tal da Crystalium System? Fenomenal... De ruim! Então você não pode escolher para onde ir (é sempre em frente), não pode voltar, não há recantos escondidos, não decide com quem joga e é conduzido ou induzido com relação á natureza de cada caracter. A sua esco...

FXIII - Rare Itens - Growth Egg

Ontem a noite eu estava lá na missão 45 levando uma surra da versão super brava da mãe Ochu, o Neochu, com 2.625.000 + três filhotes com 262.500 cada um, quando recebi um email do Tiago falando que tinha acabado de matar o mesmo monstro, mas na missão 55. Ganhou um Growth Egg, um dos 3 itens mais desejados do jogo junto com Genji Glove e Trapezohedron, e que simplesmente, nada mais nada menos, dá CP x 2, multiplica por dois a experiência obtida em cada luta. Ele nem abriu ainda a área dos Titans. Está lá atrás nas missões. Foi de doido dar uma olhada e o Death da Vanille pegou na 5a. vez. Fala sério! Nasceu virado. rsrs Parabéns Tiago! :DD ... Se alguém quiser tentar, o início da luta é sem os microochus que só surgem depois. Dá fôlego para usar o Death algumas vezes. A Stone está lá em Oerba no 1o. andar da Deserted Schoolhouse e o bicho em Archylte, na Aggra's Pasture. ATUALIZAÇÃO: Estou em Aggra's. O Neochu da missão 45 (que era onde eu estava ontem) não ...

FFXIII - Estratégia para derrotar o Adamantoise

Adamantoise, 5.343.000 de vida principal e mais quatro pernas, cada uma com 356.200 Descobri esta dica no walktrough que estou seguindo. Parece que o Adamantoise e o Adamantortoise são suscetíveis à Death. • Use a Vanille como SAB, tendo Death habilitado no crystarium. • Equipe-a com o Marlboro Wand (evolução da Belladonna) • Acessório com auto-haste e o que mais tiver que aumente magia, boost • Barra de TP cheia • Use um MED e um SEN • Chame Hecatoncheir • Ative o modo Gestalt (triângulo + Y) • Cast Death repetidamente. Pode demorar um pouco para Death pegar, mas... quando pegar... :DDD Experiência: 40.000 CP Drop normal: Platinum Ingot (15.000 gil) Drop raro: Trapezohedron (2.000.000 gil) O Adamantortoise (com a corcunda mais alta do que o Adamantoise) tem "só" 3.566.000 de vida e cada perna 246.600. Este é suscetivel também a slow, deprotect, deshell, curse e daze. :D Vale a pena começar por ele. cp e drops iguais ao do primo "fortão"...

(FF XV) Arma suprema: como obter os Chifres em Hélice para a quest do Cid e Arroz Mãe e Filho

- Vá para Velha Lestallum e pegue a quest Os últimos espiracórnios, lvl 29. - Vá para o ponto da caçada. - Salve antes de iniciar e se o item não cair, carregue o jogo e mate novamente até cair. - Entregue a hunt. - Entregue os chifres para o Cid. - Durma algumas vezes e o Cid vai telefonar e informar que sua arma está pronta, a Arma Suprema, com ataque de 364! Para ajudar a melhorar a taxa de drop do item: - Equipe o Noctis com a Dissecadora. Esta espada é boa para quebrar membros e o chifre em hélice resistente você só consegue quebrando os chifres dos espiracórnios. - Ative o nódulo Destruidor de Demônios na seção de Combates da Ascenção. Quebra partes com translocação ofensiva. - Coma o Arroz Mãe e Filho que aumenta em 50% a taxa de obtenção de itens. - Tenha a habilidade de sobrevivência do Gládio em 10, porque também aumenta a taxa de obtenção de itens melhores. Arroz Mãe e Filho A receita para o arroz Mãe e Filho  só pode ser obtida após a finalizaç...

(FF XV) DICA DE XP: CACTUAR

Abra a imagem em uma nova guia para usar o zoom e ver tudo. Nosso amiguinho tem 5.000 de HP e pode ser encontrado já desde o início, na parte nordeste de Hammerhead (conforme diz o guia) e também na sudeste (encontrado lá por mim e pelo Cam Grigori, conforme mostra as fotos abaixo.) Obrigada Cam Grigori Atualização de 06/12 Esta é a localização em que o Cactur tem sido mais encontrado. Parece que ele gosta do período da manhã, de 5 a 8 da manhã. Atualização de 09/12 Local onde trombei com um Cactuar no Cap. 3 - 14 horas