Pular para o conteúdo principal

45) Noivado


Aquele mês passou muito rápido com os preparativos para o casamento e todas as cerimônias.

Tana estava eufórica, absolutamente incontrolável e colocou todos os encantados para trabalhar. As fadas artesãs costuravam e bordavam sem parar, fazendo os vestidos das cerimônias e um enxoval completo para Maise e nossa casa. Tudo era tecido com a seda fabricada em Etera, tão pura e leve que enlouqueceria de desejo o estilista mais famoso.

Minha casa estava sendo colocada de pernas para o ar com uma faxina rigorosa e novas disposições dos móveis. Era ali que moraríamos, embora tenhamos decidido manter a cabana como casa de hospedes e também para noites de nostalgia. Nunca poderíamos desfazer-nos daquele local que já abrigara o amor de Luna e Artur e agora o nosso.

Antônio e Marta também adoraram a novidade e ele fez questão de oferecer a festa em sua casa. Acertamos a data com o cartório e com a igreja. Maise estava encantada com o charme bucólico da pequena capela de Portal e seus olhos ficavam sonhadores sempre que falávamos do casamento.

Eu estava preocupado com as alianças. Incomodava-me ver a mão de Maise sem um símbolo de nosso compromisso, mas não tinha como comprar sem ir a São Pedro, o que só poderíamos fazer dali a alguns dias. Na primeira visita a Etera descobrimos que ela tinha herdado toda uma coleção de jóias reais e apaixonou-se pelo anel preferido da rainha, cujo desenho lembrava uma flor. Era realmente bonito e diferente e ficou sendo sua aliança.

Quando fomos para São Pedro, ela fez questão de que eu também usasse uma aliança, embora recusasse a oferta de comprarmos-lhe outro anel. Desta forma, fomos primeiro de tudo a uma joalheria, onde escolhi um modelo que combinava com meu estilo e gravamos nossos nomes e datas no interior.

Maise telefonou a François e combinou um jantar sem nada adiantar. Quando chegamos e viram nossos anéis, seus pais ficaram contentes. François disfarçou, ainda que fosse evidente sua decepção. Acabou alegrando-se um pouco quando disse que no outro dia iríamos à galeria em busca de novas peças para minha coleção.

Eles aceitaram o convite para o casamento em Portal e ficariam hospedados na pequena pensão da vila, juntamente com os outros convidados dela: seus advogados, dois professores e alguns amigos de seus pais. Tínhamos já reservado todos os quartos para o evento. Era um ambiente simples e bem diferente do que François e seus pais estavam acostumados, mas era charmoso, bem arrumado e penso que iriam sobreviver. Minha casa já estava reservada aos convidados de Celes e o complexo também estava lotado com os convidados de meus assistentes.

Não quis ir junto quando ela foi comprar lingerie, mas desde o momento em que retornou com os pacotes, comecei a suar frio de ansiedade, principalmente pela sua expressão maliciosa. Naquela noite, quando adormeceu não resisti e abri sua mala. Um erro que me fez passar praticamente todas as noites em claro até o casamento. Quando ela adormecia e eu fechava os olhos, logo imaginava-a em cada um daqueles trapinhos sedutores e tinha que tomar banho atrás de banho com água fria.

Nestas noites chegava a questionar a idéia de esperar até o enlace, mas queria tanto que nossa primeira noite fosse especial que consegui resistir, ainda que a cada dia sentisse-me mais ansioso e desesperado de desejo.

Estava preparando uma surpresa para nossa lua de mel. Viajaríamos por quase um mês, mas não lhe contei nada sobre nosso destino, o que a deixou contrariada. Embora adormecesse logo sob minha influência, ela também sofria com nossas noites castas e começamos a evitar beijos, por mais singelos que fossem. Foi um alívio retornar para Portal onde a presença de outras pessoas distraia-nos um pouco.

Faltavam ainda duas semanas para o casamento e fomos praticamente todos os dias a Etera. Niis, um jovem gnomo, parecia apaixonado por Maise e era sua sombra, seguindo-a a todos os locais para onde ia. Achamos engraçado quando ele declarou que era seu guarda pessoal e que era sua obrigação proteger a princesa. Acabamos acostumados a ele e ela afeiçoou-se ao novo amigo.

Niis era uma fonte inesgotável de informação, colocando-nos a par de tudo o que acontecia em Etera e através dele ficamos sabendo que existia uma diferença de poder entre as espécies, sendo os gnomos vítimas de um preconceito velado pelos demais. Niis achava que era porque eles não eram belos como eles.

Os gnomos eram gentis, amorosos e amáveis. Gnon Knur, o chefe da guarda, era um sujeito de poucas palavras e muita ação. Dava-nos a impressão de ser uma fortaleza e totalmente confiável. Ele freqüentemente censurava Niis por perturbar-nos e pedia-nos desculpas pelo comportamento do filho, parecendo realmente constrangido. Ao fim até mesmo ele teve que aceitar o fato de que nada afastaria o filho de “sua” princesa. E Maise também não imaginava Etera sem a presença do amiguinho.

Perguntamos-lhe sobre Elros e disse que Elros não era tão ruim com os gnomos, embora aparentemente não estivesse fazendo nada para derrubar esta separação invisível. Disse que não entendia como ele podia gostar da “bruxa” como se referia a Eileen. Contou-nos todas as maldades que esta fazia aos gnomos, uma raça que ela abominava.

Ele também não gostava muito das outras raças, do povo do ar, do fogo e da água. Parecia haver uma tensão no ar, embora aparentemente todos sorrissem felizes.

Todas as fadas receberam Maise muito bem e disseram que ela poderia ser como elas. Aparentemente era só uma questão de aprendizado para que soltasse suas asas e adquirisse controle sobre todos os poderes das fadas, como mudar de tamanho e forma, voar e fazer encantamentos.

Era por ter estes talentos latentes em seu sangue que conseguira ver minhas asas e minha aura e como eu tinha imaginado, bastaria treino para aumentar sua capacidade de visão.

Todas as fadas tinham um dom primordial e elas achavam que o de Maise era a harmonia. Ela tinha mesmo uma capacidade fora do normal de estar bem consigo mesma e achavam que conseguiria expandir este bem estar para fora de si, atingindo quem desejasse. Da mesma forma, talvez pudesse fazer o contrário como uma forma de defesa, mas tanto um quanto de outro dependeriam de longo desenvolvimento futuro.

Não tínhamos ainda conversado muito com Elros, preferindo antes percorrer Etera e conhecer seus habitantes melhor. Agora, praticamente na véspera da cerimônia não podíamos mais adiar e estávamos indo para um almoço no palácio real.


Texto registrado no Literar.

Imagem daqui.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

(FFXIII-2) É o fim? O que está acontecendo com a Square-Enix?

Gráfico do preço das ações da Square-Enix de 2008 a hoje. Fonte Em todos os lugares que leio as pessoas estão aturdidas e se perguntam: o que ela está pensando? O que ela está fazendo? Onde quer chegar? O que quer fazer? WTF!!! O que é isto? Ela tinha a melhor franquia de jRPGs, uma base sólida e ávida de fãs que apenas desejavam que fizesse o que sempre fez: excelentes jogos, com boas estórias, personagens carismáticos, mapas grandes para exploração, áreas secretas, lutas com chefes poderosos e um final coerente, no PS3 e/ou Xbox360. Ao invés disto, vimos toneladas de jogos para telinha (PSP/DS/Celulares), um MMO trágico e um único jogo (Final Fantasy XIII) para grandes consoles com um enredo picotado e confuso. Ainda assim vendeu bem e os fãs aguardaram pacientemente pelo que se anunciava ser o melhor de todos, Versus XIII. A maioria de nós aceitou quando Versus foi postergado e em seu lugar anunciaram a vinda de Final Fantasy XIII-2, porque queríamos a oportunidade de dar

Um triângulo amoroso entre uma mulher e dois games

Eu, como pássaro, frente à um gigante e com uma lua tão próxima que parecia ser possível tocar.  Todos conhecem casos de mulheres que conhecem outro homem (ou vice-versa) e por ele rompem relações sólidas, muitas vezes de décadas, abandonando posição social, separando a família, etc... E todos ficam com ódio mortal do novo afeto, responsável pela desgraçaiada toda. Será mesmo? Ou será que a relação já estava falida e só por isto houve espaço para a entrada de outra pessoa? Final Fantasy e eu éramos assim como um casal, em uma relação de muitos anos e a quem amei muito e nunca pensei que um dia deixaria de amar. Mas aconteceu. Eu agora estou completa e perdidamente apaixonada por WoW. Não quero saber, não tenho mais o mínimo interesse por Final Fantasy. Eu o traí? Não. Ele me traiu primeiro, quebrando minha confiança, minando lentamente minha fé, corroendo dia a dia meu amor. Tivemos longas DRs, ele prometeu, jurou, que iria mudar, que desta vez seria tudo diferente, que ele ser

As Armas de Final Fantasy XIII

Segundo Split e Krystha estas são as armas que podem ser encontradas em tesouros ou ganhas após lutas nas fases do jogo Final Fantasy XIII. Elas também podem ser adquiridas no shop. Ver shop list. São armas puras, ou seja, não necessitam de materiais ou upgrades para serem obtidas e é através delas que se pode sintetizar outras armas mais poderosas. Em CAP indico o capítulo onde se pode ganhar ou encontrar a arma no jogo. Quando há um "?" é porque ainda não a localizei. Quem quiser colaborar, é só enviar a dica de localização via email ou comentários. Para mais detalhes sobre a forma exata de obtenção, vá ao Walkthrough de Krysta ou Split (que foram os que utilizei como base) e procure a arma desejada com Ctrl + F. AS ARMAS NORMAIS DO JOGO FINAL FANTASY XIII ======================================================== ABREVIAÇÕES STR = strength inicial                   | MAG = magia inicial *STR = strengh máximo               | *MAG = magi

(FF XV) Elemancy: Entendo a criação e a manipulação de magias em Final Fantasy XV

Por André Anastácio. Olá Pessoal! Estou de volta e dessa vez vou tentar explicar tudo sobre esse novo sistema de magias adotado em Final Fantasy XV. Preparem-se para um post bee em longo e com algumas partes um pouco complexas, então caso algo esteja confuso demais basta postar aí nos comentários e tentarei solucionar as dúvidas assim que possível. O novo sistema tem prós e contras e apesar de a princípio s er extremamente básico, é possível se aprofundar bem e perceber que existe espaço pra bastante customização e certa complexidade. Então vamos lá! Começando do básico: Os três tipos de magia Antes de mais nada, é importante entender quais são as três magias "base" que você terá acesso ao longo game. São elas: Fire (fogo) Lightning (raio) e Ice (gelo). Magias no mundo de Eos funcionam de maneira bem diferente do que estamos habituados em outros Final Fantasys. Desta vez, elas serão o efeito de misturas feitas por você utilizando a matéria retirada diretamente

(FF XV) Capítulo 1 - Parte 1a - Hammerhead Region, com mapa, tesouros, missões, etc...

Abra a imagem em uma nova guia para usar o zoom e ver tudo. Tentei fazer uma gambiarra com fotos do mapa. Acho que vai dar para entenderem, com alguma boa vontade. Mostra todos os tesourinhos, com legenda ao lado. No topo central a lista das sidequests da história.  No mapa, as linhas começadas em pontos azuis são Sidequests opcionais e recomendadas pelo guia, os pontos verdes são Tours e os amarelos são Hunts. Acho que este início é mais para a gente se localizar mesmo. Eu fiquei um tempão zanzando pelo mapa e recolhendo os tesouros. Peguei a espada longa que é o ponto U4 (muito boa!) - a espada que está no ponto verde (U6) é só pós game - e os acessórios I3 e G1, além dos Mega-Elixires e e Mega-Phoenix (P1 e P2) e um monte de cacareco que ainda não sei para que serve. PELO AMOR DE FF: não vá sair por aí vendendo NADA! NADA é NADA! Passe fome, durma em acampamentos, lute com as mãos se for preciso, mas não venda nada até sabermos o que pode ser vendido ou não. Isto é