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12) Descobertas


Antes que chegássemos à pista de dança Antônio nos chamou dizendo ter uma surpresa para Maise. Fomos até uma espécie de depósito, cheio de móveis velhos, livros e outros objetos. Apontou para um canto e mostrou um caixote grande, dizendo:

- Maise, não tenho muito mais a dizer sobre seu pai do que já contei ao telefone. Ele era muito discreto. Apareceu um dia, vindo de algum lugar ao sul e disse estar procurando um lugar que tivesse a luz certa para pintar. Hospedou-se na cabana que era minha na época e algum tempo depois fez uma oferta irrecusável. Declarou-se apaixonado pelo local e que estava pintando como jamais conseguira antes.

- Nunca falou sobre parentes ou recebeu visitas? – Ela quis saber.

- Não que eu tenha visto, ao menos. Ele permanecia semanas sem aparecer na vila. E quando vinha era mais para comprar mantimentos. Vez por outra dizia que precisaria ir até a cidade e algumas vezes enviou pacotes grandes pelo correio. Creio que eram suas telas.

- Você viu as pinturas?

- Vi várias. Eram muito bonitas. Embora eu não seja um grande entendedor, sabe? Só achava uma belezura. Foi por isto que trouxe vocês aqui.

- Por causa das pinturas? – Ela estava ansiosa agora.

- Sim. Um dia ele apareceu acompanhado de uma mulher muito bonita que eu nunca tinha visto antes. Disse que teria que viajar, que não sabia quando voltaria e pediu-me para cuidar da cabana enquanto estivesse fora. Foi tudo. Não me explicou nada mais. Subiu no carro com ela e se foram. O restante você sabe: nunca mais voltou e nem mesmo entrou em contato.

- Nem mesmo um telefonema?

- Não. Nada. Depois de algumas semanas, fui à cabana para arejar um pouco e percebi que devia ter saído apressadamente porque deixou vários objetos pessoais. Eu os trouxe para casa. Parecia mais seguro, entendem? E coloquei neste caixote. Aí tem várias pinturas e tudo que tirei de lá. Espero que encontre alguma informação. Nunca fiquei a vontade para olhar. Não parece certo remexer em coisas dos outros, concorda?

- Oh! – Maise olhou para o caixote, maravilhada. – Queria abrir agora!

- Melhor o levarmos para a cabana e lá você olha tudo com calma. O que acha? – Falei pela primeira vez.

- Sim, sim. Foi também por isto que te chamei Adriel. Para ajudar a levar e depois tirar. Está mais pesado do que parece. – Antônio demonstrou tentando erguer uma ponta.

- Adriel, você ajuda? Quero ir para casa agora. Estou ansiosa demais para ver tudo! – Ela implorou e é lógico que ajudaria.

Peguei o caixote facilmente e só procurei demonstrar alguma dificuldade para não desconfiarem de minha força. Antônio ajudou a apoiar em uma das pontas e voltamos à sala. Despedimos-nos e saímos logo após colocar o caixote no porta-malas do carro.

Imaginando como ela estaria ansiosa para chegar procurei dirigir o mais rápido que poderia. Ela estava agitada, pensando em voz alta. Ouvi apenas, concordando quando necessário.

Chegamos em instantes e ela correu para abrir a porta enquanto eu levava o caixote depositando-o ao pé da cama. Ajudei a abrir e me despedi. Por mais que estivesse curioso este momento era muito particular. Acho que ela nem percebeu minha saída, respondendo à despedida automaticamente, com a atenção totalmente presa aos papéis e objetos que se avistavam agora.

Voltei para casa insatisfeito. Perdi a oportunidade de dançarmos juntos e também de voltarmos conversando tranquilamente e sabendo mais.

Ela era completamente espontânea e totalmente transparente. Cativante. Encantadora.

Tinha imaginado que esta noite bastaria para acabar com meu interesse. Que engano... Agora estava ainda mais instigado e interessado.

Eu queria mais. Não queria ter ido embora. Queria estar lá ao seu lado, partilhando as descobertas, vendo seu rosto revelar as emoções que sentiria, mas era errado. Eu sabia disto e forcei-me a relembrar todos motivos para ser errado. Perigoso para nós e principalmente para ela. E, além disto, um anjo e uma humana? Não. Impossível.

Amanhã me concentraria no trabalho e a esqueceria.



Texto registrado no Literar

Imagem daqui.

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