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15) Um gatinho em apuros


Acordei me sentindo um pouco dolorida por dentro, mas melhor, mais conformada. Meus pais estavam mortos e isto não mudaria. Aquela etapa feliz de minha vida havia acabado. Agora era tentar buscar o melhor para esta nova vida que começava. Estava neste lugar especial, sentia-me em casa e isto já era algo. Melhor do que estar na cidade onde me sentia tão só. Aqui tinha Antônio e os aldeões que foram receptivos e hospitaleiros. Tinha um espaço aberto, era só querer preencher. E por enquanto ao menos, era aqui que ficaria. Tinha paz e aconchego. E Adriel, lógico.

Fiquei pensando nele enquanto preparava meu café da manhã e depois quando o tomei na varanda. “Que gracinha é!” – Lembrei de sua gentileza ontem comigo, em todos os momentos.

“E o tratei de forma tão displicente, enquanto ele foi um perfeito cavalheiro. Até beijou minha mão e abriu a porta do carro! Meu Deus, que homem! Bom... Sem contar que é um gato! E que gato!!!” – Lembrei dos detalhes todos de seu rosto e de seu corpo e decidi pintar mais um pouco.

Aliás, não queria saber do passado por hoje. Amanhã voltaria ao baú. Hoje viveria o presente. Não teria forças para outro embate emocional e só por decidir isto já senti alguma melhora em meu ânimo.

Primeiro um banho, depois arrumar a casa, lavar roupas e fazer – ao menos tentar – uma comidinha gostosa e finalmente praia e pintura. Sim. Era o que precisava por hora.

- Ahhhhh!!!!!!!! – Levei mesmo um tremendo susto ao ver meu rosto no espelho após o banho. Meus olhos pareciam duas naves espaciais de tão inchados e roxos por conta do choro noturno. “E se encontrasse com Adriel na praia? Que vergonha!” – Fiquei um tempão passando compressa de pano gelado até que ele parecesse melhor.

Arrumei a casa rapidamente e depois lavei as roupas. Principalmente o pijama. “Aff!!! Só mesmo você, Maise, para dormir com um pijama com 20 anos de pó acumulado!” – Acabei rindo sozinha ao me lembrar de ontem.

Decidi fazer e fiz, seriamente agora, uma lista com minhas prioridades de compra para a casa. Por menos tempo que ficasse ali não poderia continuar vivendo sem eletrodomésticos básicos como microondas, lavadora de roupas, aparelhos de som e TV. “Hum... Será que aqui pega algum canal de TV?” – inclui uma antena por via das dúvidas. Teria que ver com Antônio estas coisas.

Cansada de rodear encarei a cozinha ou deveria dizer o dragão com a boca escancarada prestes a me queimar em labaredas de fogo?

Resumindo: o arroz ficou um grude total, a carne uma salmoura só e acabei me contentando com a salada mesmo. Anotei na lista de prioridades um livro de receitas, tratei de sumir rapidamente com os vestígios de meu fracasso e feliz por ter dado cabo de minhas atividades obrigatórias fui para onde o prazer se encontrava: praia e pintura.

Passei a tarde pintando e quando estava muito quente mergulhava para me refrescar. Adriel estava ficando bom, mas queria pintar tendo o modelo à minha frente e não minha imaginação apenas. Será que ele não viria à praia hoje? Esperei com alguma ansiedade, mas até o final da tarde nem sinal dele. Tentei não me sentir tão decepcionada. Amanhã acordaria bem cedo e talvez o visse no nascer do sol.

Estava guardando meus materiais quando ouvi um gato miando.

- Estranho. Tem um gato aqui? – Agucei o ouvido para descobrir de onde vinha. Era lá fora. Fui seguindo o som até a árvore imensa que tinha um pouco antes da cabana. Lá estava o danado. Um gatinho pequeno.

- O que foi gatinho? Não consegue descer? Espera que vou aí te pegar. – Procurei falar enquanto me preparava para subir. Não queria o espantar. Era tão bonitinho. Não adiantou. Quando subi um galho, ele pulou para o próximo.

- Droga! – Praguejei sem querer. Continuei falando carinhosamente com ele e subindo, mas quanto mais eu subia, mais ele subia também.

“Bom... Uma hora esta árvore tem que terminar e então eu o pego!” – Contente com o raciocínio, continuei subindo. Estava quase no topo agora e era bem alto. Nem iria olhar para baixo por enquanto. O gatinho estava encurralado no último galho. Não tinha mais para onde fugir. Parei e falei um pouquinho mais, bem baixinho. Preparei-me para subir.

Ele pulou em meu rosto! E começou a me unhar! Eu estava em pé e perdi o equilíbrio. Por um triz não caí. Consegui agarrar-me ao galho, mas fiquei suspensa pelas mãos. Meu coração estava acelerado com o susto do pulo do gato e com a quase queda, mas segurei firme. Estava próxima ao tronco. Era só avançar um pouco com as mãos e depois escorregar apoiada no tronco até o próximo galho, abaixo.

Quando comecei a fazer isto, o gatinho que tinha se afastado para a ponta do galho, começou a se aproximar novamente. E quando estava perto, mudou. Virou uma mulher esquisita, com cabelos brancos e orelhas pontudas.

“O que é isto!” – Fiquei apavorada por ver sua expressão fria e má. Ela pisou em meus dedos. Segurei a dor, mas não ia agüentar muito tempo. Eu ia cair! E morrer!

- Adriel!!! Socorro!!!

“Ah, meu Deus, por favor, por favor, faça com que ele esteja perto e ouça!”

– Adriel!!! Socorro!!!


Texto registrado no Literar

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