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45) Noivado

Aquele mês passou muito rápido com os preparativos para o casamento e todas as cerimônias. Tana estava eufórica, absolutamente incontrolável e colocou todos os encantados para trabalhar. As fadas artesãs costuravam e bordavam sem parar, fazendo os vestidos das cerimônias e um enxoval completo para Maise e nossa casa. Tudo era tecido com a seda fabricada em Etera, tão pura e leve que enlouqueceria de desejo o estilista mais famoso. Minha casa estava sendo colocada de pernas para o ar com uma faxina rigorosa e novas disposições dos móveis. Era ali que moraríamos, embora tenhamos decidido manter a cabana como casa de hospedes e também para noites de nostalgia. Nunca poderíamos desfazer-nos daquele local que já abrigara o amor de Luna e Artur e agora o nosso. Antônio e Marta também adoraram a novidade e ele fez questão de oferecer a festa em sua casa. Acertamos a data com o cartório e com a igreja. Maise estava encantada com o charme bucólico da pequena capela de Portal e seus olhos ficava

44) Tradicional e conservador

- Você quer se casar comigo? Foi isto mesmo que você disse ou entendi errado? – Perguntei, de tão surpresa que fiquei. - Você ouviu direitinho, não fuja da pergunta. Aceita? - Sim, sim, sim, é lógico que sim! É o que mais quero na vida. Quando vamos nos casar? Que tal amanhã? - Ei, calma, mocinha. – Ele riu de minha empolgação. – Podemos ir ao cartório de Portal e ver qual o prazo mínimo. Que tal? - Antônio vai adorar a novidade. Podemos chamar ele e Marta para padrinhos, o que acha? - E Tana e Eliah? – Adriel propôs. - Tana pode usar sua aparência humana, mas Eliah? Aliás, e todos os encantados? Como faremos com humanos e encantados juntos? - É verdade. – Ele ficou pensativo e tentei visualizar a igreja com todos os convidados. Imaginei o choque dos aldeões ao ver os pequeninos. - Não vai dar certo. – Eu disse chateada. - Podemos fazer duas cerimônias. Casamento civil para os humanos em Portal e o religioso com os encantados, em Etera. - Os humanos vão estranhar se não tiver casamento

43) Namorando

Maise demorou a acordar. Fiz meu ritual diurno e quando voltei Tana estava na entrada, junto com vários guardas gnomos. Mandei todos embora. Aquele dia era nosso e eu cuidaria dela. Disseram que tinham ordens de Elros para não perder Maise de vista por nenhum momento e recusaram-se a ir. Concordei que ficassem desde que não visse nenhum deles e sumiram nas árvores. Tana também não queria ir, mas enviei-a para casa pedindo que fizesse uma comidinha bem gostosa para nosso almoço e que ficasse por lá até chegarmos. Desde que voltei Maise e eu praticamente não conseguimos ficar a sós e estava cansado de ver este monte de pessoas à nossa volta. Entrei e ela continuava dormindo. Preparei um café da manhã especial esperando que o cheiro do café acordasse-a e como isto não aconteceu, deitei ao seu lado. Não queria acordá-la e ao mesmo tempo estava ansioso por isto. Ela abriu os olhos quando toquei sua face com as costas da mão. - Oi – Disse, antes de dar-lhe um pequeno beijo nos lábios. - Oi –

42) Aos pés de uma macieira florida

Estive consciente quase todo o tempo em que fiquei paralisada, com exceção das primeiras horas. Despertei quando Adriel encontrou-me, o que só posso agradecer, pois imagino o pavor que teria sentido ao acordar paralisada no silêncio e no escuro, sem saber onde estava ou o que estava ocorrendo comigo. Pelas conversas que tiveram no quarto fui entendendo o que tinha acontecido. Queria dizer a eles que estava consciente, mas não podia mexer sequer os cílios de um olho e tudo o que pude fazer foi ouvir e torcer para que conseguissem o antídoto. Quando Elros falhou e Adriel falou comigo, tão triste, como se despedindo, pensei que iria mesmo morrer. Nunca tinha pensado em minha própria morte. Sempre achei que morreria velhinha e neste momento é que não pensava nisto mesmo. Acabara de apaixonar-me pelo anjo mais lindo e doce do universo e descobrira minha avó e toda a estória de meus pais. Não seria justo, pensei. Senti-me triste por tudo que não viveria com Adriel, os beijos que não daríamos

41) O jovem Niis

(narrador) Niis era um gnomo jovem e ele preferia a palavra jovem à palavra criança, pois ainda que para os padrões terrestres tivesse apenas 12 anos, tinha já seus quase 100 anos no correr dos anos etéricos. O que era considerado pouco até mesmo para estes, mas ele preferia desconsiderar este detalhe e todos achavam graça, satisfazendo seu desejo e chamando-o de Jovem Niis. Todos exceto a elfa Eileen, que justamente por saber de suas objeções ao termo criança, propositalmente só o chamava assim ou, pior ainda, de neném. O resultado desta afronta era que Niis odiava Eileen quase tanto quanto amava a princesa Luna e quando esta fugiu, teve certeza de que Eileen era culpada. O que resultou em ainda mais raiva desta. No decorrer dos anos aprendeu a desaparecer de todo e qualquer lugar onde Eileen estivesse negando-lhe a saciedade do ato de sadismo, mas espionava sistematicamente a bruxa - como a denominava - sem que esta soubesse, na esperança de encontrar pistas de sua Luna. Quando seu p

40) As cartas de Luna

Três fadas entraram e pediram que eu saísse para limparem Maise. Voltei à sala onde estavam todos discutindo nervosamente. - O que houve – Perguntei à Tana. - Os guardas voltaram. Eileen fugiu quando pediram que viesse com eles para ver a Rainha. O filho de Gnon Knur viu quando entrou no portal dos Elfos Negros. - Ela era uma Elfa Negra? - Não sabemos ainda. Que tal se fôssemos ao seu quarto ver o que encontramos? Tana e eu saímos sem avisar ninguém e em Etera fomos diretamente à casa de Eileen na Vila dos Elfos. A construção era grande o suficiente para que entrasse, ainda que minha cabeça chegasse quase ao teto. A mãe dela falecera quando ainda era pequena e como ninguém sabia quem era o pai, a Rainha ficou responsável por ela, criando-a junto com Luna que era quase da mesma idade. Na infância brigavam como todas as crianças, mas foi na adolescência que as diferenças acentuaram-se e apesar de morarem na mesma casa, não tinham intimidade alguma. Luna, a mãe de Maise, tinha um temperam

39) Por amor

Decidi permanecer em Celes até que encontrassem uma cura para meu corpo e estava aguardando a chegada de Liah, a quem enviara um recado pouco antes solicitando que viesse aqui. Não tinha sentido prorrogar o comunicado e ele levaria o recado para Tana, que transmitiria a Maise. Estava tentando ocupar-me para não pensar no que ela sentiria e também para sobreviver à minha própria tristeza. Procurava animar-me pensando no futuro que teríamos. Aqueles poucos anos não significariam nada quando voltássemos a ficar juntos e dessa vez para sempre. Azael, meu irmão por afinidade veio visitar-me e conversamos longamente, colocando as notícias em dia. Falei sobre Maise e ele contava como conhecera Sarah, sua companheira de vida, quando Liah chegou. - Hei, Liah. Que bom que veio rápido. Obrigado. - Alô Adriel. Fiquei curioso com seu chamado. - Conhece meu irmão Azael? Azael, Liah é o anjo encarregado do principado em que residimos lá na Terra e também meu amigo. – Cumprimentaram-se amistosamente e

38) Veneno de escorpião

(narrador) Eileen vinha pela praia em direção à cabana e não acreditou em sua sorte ao ver Maise ali sentada e sozinha. “Está com saudades, benzinho? Não se preocupe. Já vai parar de chorar. Para sempre!” – Pensou, desejando poder gargalhar de alegria com este presente inesperado. Olhou para todos os cantos certificando-se de que Tana não estava por perto e pensou no que fazer. Tinha imaginado em usar até mesmo força bruta para dominar ambas e agora não seria mais necessário, o que era muito melhor. Se fizesse tudo direito ainda teria uma chance de que jamais descobrissem sua autoria e poderia continuar com os planos originais. Não precisaria usar força e poderia usar um feitiço de veneno. O “Veneno do Escorpião” era limpo e sutil. Ninguém jamais cogitaria que um encantado do bem soubesse utilizar esta arte. O problema é que era lento e demoraria 24 horas para que morresse, ainda que ficasse paralisada cerca de uma hora após. Na praia, mesmo que a cobrisse com um encantamento de oculta

37) Tristeza

Devo ter sonhado com Adriel esta noite, porque acordei sensível e irritada. Tana não estava e o silêncio da cabana soava como uma campainha disparada em minha cabeça. Não quis sair da cama, não iria encarar este mundo solitário enquanto pudesse. Ao invés disto, peguei o último caderno de meu pai. Se Tana conhecia minha mãe, porque não dissera desde o início? Tinha algo errado nesta estória e queria esclarecer o quanto antes. O último caderno tinha apenas algumas poucas páginas preenchidas e li rapidamente. Papai estava escrevendo de madrugada, enquanto Luna dormia. Ela chegara ao início da noite, usando roupas escuras e parecendo assustada. Disse que sua mãe e os guardas pensavam que estava em seu quarto, que ninguém percebera a fuga e que Eileen ficara em seu lugar para dar-lhes tempo para fugir. De manhã cedo e até quando conseguisse, fingiria ser Luna, atrasando a descoberta da fuga o máximo possível. Entre beijos famintos decidiram aguardar o amanhecer para irem embora. Naquela épo

36) Encruzilhada

“Esqueça a Terra!“ – Estava com aquela frase girando sem parar em minha cabeça desde que foi dita por Kalel. – “Como se fosse possível!” – Pensei recordando o rosto de Maise em vários momentos e expressões. Após o choque de meu despertar em Celes pedi para falar com Hayel, o conselheiro chefe do projeto e também meu orientador pessoal. Foi ele quem ofereceu este trabalho na Terra e esperava dele não apenas explicações como soluções. - Adriel! Desculpe não ter vindo antes. Estava em meio a uma explosão em outro projeto e também quis aguardar pelos resultados dos exames. - Olá, Hayel. Quer dizer que já saíram? Sabem o que exatamente ocorre comigo? - É lógico que ainda estão aprofundando os testes, mas o resultado preliminar está pronto. - E??? - Bem, estão de acordo com as suspeitas iniciais. Tanto tempo impregnado com as energias da Terra acabaram por intoxicar e viciar seu corpo fluídico. Você não deveria ter permanecido tanto tempo sem retornar. Pedi-lhe tantas vezes para vir com fre

35) A princesa dos povos encantados

(narrador) No dia seguinte, logo que a guarda de gnomos assumiu o posto na vigilia de Maise, Tana encaminhou-se para Etera. Chegando ao palácio, foi direto para os aposentos particulares da Rainha que, após os cumprimentos iniciais, dispensou todos que estavam no ambiente e perguntou: - Tana, aconteceu algo para que esteja aqui tão cedo? - Minha Rainha, ontem à noite Maise confirmou o que já imaginávamos: ela é mesmo filha de Luna. - Eu sabia Tana, meu coração não poderia estar tão enganado. Filha de minha filha. Minha neta! - Sim, Majestade. Seu coração estava certo também em não perder as esperanças, ainda que não tenha sido sua filha a retornar. - Pobre Luna. - Ela foi feliz com o homem que amava e teve uma filha adorável. Vossa Majestade poderá fazer por Maise o que não fez por Luna. - É o que desejo: que seja feliz aqui em Etera, o lugar ao qual pertence por direito. Ela deve saber que tem uma família e de toda sua estória. O reino está quase pronto para recebê-la, ainda que ning

34) Saudades

Acordei com a entrada ruidosa de Tana. Adriel não estava. Era a primeira vez após dias que acordava sem ele ao lado e sua ausência soava como um estrondo abafado à espera de irromper. Pensei no menino da fábula, que por horas tentara tampar com os dedos os furos que se abriam no dique para que este não se rompesse e senti-me como ele. Sabia que estava sendo irracional. Faziam apenas algumas horas que ele partira e estaria de volta em poucos dias, mas meu coração e corpo pareciam não entender isto por conta de algum erro de processamento entre minha mente e eles. - O que foi, menina? Saudades já? – Tana perguntou ao ver que continuava deitada com os olhos fechados. - É. Estou com saudades sim e com medo de que não volte. Ah, Tana, estou com tanto medo! – Comecei a chorar ao reconhecer o sentimento por trás da boca seca e da bola no estômago. - Boba! Veja o que ele deixou para você. – Ela mostrou o anjo de origami e o bilhete. – Ele te ama e estará aqui antes que imagine. Eu sei. Já foi