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11) A Elfa Eileen

(narrador) Rita saiu a passos rápidos da residência e com a cabeça baixa, olhando para os lados de vez em quando, encaminhou-se para fora da vila na direção da estrada. Uma vez lá, andou poucos metros antes de entrar em uma trilha pouco visível. Caminhou por alguns minutos e parou em frente a um tronco de árvore oco. De dentro dele retirou um objeto semelhante a um pêndulo com guizos. Balançou-o ritmicamente com os guizos produzindo um som simétrico e baixo. Após fazer isto por algum tempo, parou e esperou. Do tronco começou a sair uma névoa fina e branca que, subindo e espalhando-se pelas laterais acabou por fazer um desenho oval claro e transparente, semelhante a um espelho. Quando se estabilizou, na área central do espelho surgiu uma imagem que em poucos instantes estava completamente definida. Era uma figura feminina bastante parecida com uma humana, diferindo apenas pelas orelhas pontiagudas e os cabelos brancos apesar da face jovem. O corpo bem delineado e as vestes sensuais com

10) O Medalhão das Fadas

"Será mesmo que ela está tão atraída por mim quanto eu por ela? Não deveria, mas gosto disto. Gosto demais até." - Estava realmente feliz naquele momento, após ouvir aquele elogio tão espontâneo. “Como ela consegue ver minhas asas e o brilho? Nenhum outro humano até hoje conseguiu. Gostaria de lhe contar a verdade. Embora não tenha mentido, dei a entender que estava vendo coisas. Agora está confusa e é melhor assim. Não posso deixar que saiba da verdade. Iria querer saber mais e seria perigoso para nós e muito mais para ela.” - Dirigia parecendo concentrado na direção, mas na realidade estava pensando. Ela também parecia distraída em seus pensamentos e ficamos os dois em um silêncio pacato e agradável. Estar com ela era assim: surpreendentemente bom! Na volta poderia perguntar e saber mais sobre ela. Agora apenas aproveitava esta quietude gostosa envolvido pelo calor de nossos corpos na noite um pouco fria. Logo chegamos à casa de Antônio, bastante iluminada. De fora ainda ou

9) Beleza de Perdição

Quando entrei no carro estava curiosa para saber como ele encaixaria aquelas asas enormes e o corpo ao mesmo tempo no assento, então fiquei observando. As asas atravessaram o encosto do banco e o assento, parecendo imateriais. - Uau! – Soltei sem querer. Ele virou-se para mim. - O que foi? - Interrogou. - Suas asas atravessaram o encosto, ao contrário de seu corpo. Como faz isto? – Expliquei e perguntei ao mesmo tempo. - Você vê asas em mim? – Ele pareceu chocado e ao mesmo tempo preocupado. - Sim. Enormes e muito brancas. E você brilha também. – Acrescentei rápido. - Dizem que artistas têm uma mente extremamente fértil, mas asas??? – Ele tinha demorado alguns segundos para dizer isto. - Está insinuando que imagino as asas? E o que diz disto? – Estendi a mão para tocar as penas mais próximas. Meus dedos atravessaram o branco como se não existissem. Tentei pegá-las mais algumas vezes. Nada! - Isto o quê? – Ele disse tentando não rir. - Pare! Não posso tocar, mas estou vendo. Você sabe

8) O primeiro encontro

Ela abriu a porta. O cheiro de banho recém tomado e sabonete escapou do ambiente e penetrou refrescante em minhas narinas. Usava um vestido de alças, deixando os ombros e o colo delicado à mostra. Seu rosto estava iluminado pelo sorriso. Pena que assim que me viu, encerrou-o. “Quem ela estava esperando?” – Pensei enquanto a observava abrindo a boca surpresa. Parecia uma repetição da praia e quando começou a levantar a mão, lembrei-me que após tapar um grito saíra correndo tão rápido que nada pude fazer. “Desta vez não!” – Instintivamente segurei seu braço para impedir que fugisse. - Você não vai sair correndo, vai? – E complementei com um sorriso, esperando ser o suficiente para a reter. - Nããão. – Respondeu, parecendo ainda indecisa. - Sou Adriel, seu vizinho. Moro na outra ponta da praia. Antônio pediu-me que lhe desse uma carona. Ele não te avisou? – Expliquei ainda segurando delicadamente seu braço. A pele era macia e quente e não tinha pressa em retirar minha mão. Ela pareceu conf

7) Bem estar

Acordei com o dia já claro. Foi bom dormir bastante. Todo aquele cansaço mental se fora. Estava tranqüila e bem. E com fome, muita fome! Tomei um banho rápido, coloquei um biquíni por baixo de um short e uma regata e fui para a cozinha. Minhas habilidades culinárias eram próximas ao zero. Nem sei como me viraria de agora em diante sem os congelados salvadores da cidade. Felizmente café da manhã não era realmente um bicho de outro mundo. Troquei a toalha da mesa por aquela que comprara e preparei um desjejum farto e bonito que comi com gosto enquanto pensava sobre os últimos acontecimentos. Hoje tudo parecia mais simples. Decidi que não valia a pena quebrar cabeça com asas que somente eu via. Melhor colocar na pastinha dos mistérios insolúveis e deixar lá até que tivesse oportunidade de esclarecer. À noite jantaria com Antônio e esperava conhecer melhor o passado de meu pai. Lembrei-me do medalhão. O que significaria? Qual seria sua origem. Parecia uma jóia elaborada demais para ter sid

6) Tão humano!

Mais tarde decidi ir à vila ver se descobria algo sobre a jovem. Logo que cheguei vi que estava conversando com o proprietário do bar. Aguardei um pouco após sua saída e fui até lá. Disse que a tinha encontrado na praia de manhã sem entrar em detalhes e usando a desculpa da segurança para justificar minha curiosidade. Eles não desconfiavam que a clínica era uma fachada apenas. Antônio contou o que sabia e pude ver que já gostava e se preocupava com a moça. Convidou-me para o jantar de boas vindas que daria a ela amanhã à noite e pediu o favor de trazê-la já que não conhecia a estrada o suficiente para dirigir a noite. Teria recusado normalmente, mas teria sido descortês e aceitei. Não deixava de ser uma boa oportunidade de esclarecer minhas dúvidas. Depois me afastaria de vez deste convívio. “Só desta vez.” – Prometi a mim mesmo. Estava abastecendo antes de voltar quando vi o jeep velho parar atrás do meu e a reconheci ao volante. Fechou os olhos com a cabeça apoiada no encosto como

5) Alucinação persistente

Minha cabeça parou de latejar aos poucos e quando terminaram a limpeza já não doía quase nada. Decidi ir com eles à vila comprar os mantimentos que faltavam e aproveitar para conversar com Antônio sobre meu pai, o verdadeiro motivo de minha presença aqui. Foi confortante ver o sorriso alegre em seu rosto, mas não pudemos conversar direito porque o bar estava lotado com vários turistas que chegaram para a feira de artesanato dos sábados. Convidou-me para jantar em sua casa amanhã à noite e aceitei. Ele milagrosamente me conseguira um jeep alugado, velho mas perfeito para aquelas estradas terroristas. Toda alegre fui passear um pouco antes de voltar para a cabana. Amava estas feirinhas e foi delicioso perceber que a maioria das que se espalhavam pela praça era de artesanato genuíno e não daquelas porcarias fabricadas aos montes que costumava ver na cidade. Comprei uma toalha de tear, colorida e alegre para a mesa da cozinha, algumas plantas e flores, vasos, guardanapos, um sino dos vento