Fui pescar nuvens. Sabia que era proibido já há algum tempo, mas me assaltou a vontade, assim, de repente, irresistível. Lembrei de seu sabor tão leve quando assadas ou tão crocantes quando fritas, senti a saliva inundando o céu da boca, cheguei até mesmo a sentir, juro por Deus, o cheiro. Ah... O cheiro de nuvens frescas!!! Sutil, delicado, sofisticado. Quando você cheira uma nuvem recém pescada, não tem cheiro algum. Basta levar à cozinha, cortar em cubinhos ou simplesmente abrir para assar ou cozinhar e o cheiro inicia a soltar-se, despregar-se, subindo em redemoinhos, direto ao cérebro. E como nos envolve. Entorpe, amolece, sei lá, só sei que é bom demais!!! Seria capaz de matar por aquele cheiro, que lógico, só desperta o desejo de comer. Então você cozinha rapidamente, antecipando o prazer, e, quando come e sente-as derretendo na língua percebe que poderia morrer naquele momento e que estaria tudo bem, morreria feliz. Costumo comer escondido. Sei que é feio. Mas nisto sou egoísta