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8) O lago encantado

- Adriel! – Acordei gritando seu nome, quente e agitada. Sonhei com ele, mas foi confuso e lembrava-me mais da sensação. Uma esperança louca esgueirou-se por entre a faca e instalou-se ali dentro. - “Ele vive!” – Pensei, sentindo as batidas endoidecidas de meu coração e envolvida naquela certeza, quis sair correndo à sua procura. - O que foi, menina? Ouvi você gritar. Teve pesadelo? – Era Tana que entrava ainda com roupa de dormir. - Tana, ele está vivo! Sonhei com ele, pela primeira vez! Está vivo!!! Ó meu Deus, obrigada! – Juntei minhas mãos em um gesto de prece e agradecimento. - Como assim? O que sonhou? O que ele disse? Onde está? - Não sei, Tana. Não lembro o que sonhei. Apenas sei que foi com ele e acordei chamando-o e com esta certeza de que vive. - Menina... Sei que não se conforma e é bom que sonhe com ele, mas não se iluda. Vai sofrer mais. - Eu sinto, Tana. Dentro de mim. Não é uma ilusão. Adriel vive em algum lugar. - Bem, se estiver vivo virá a Etera, não é? Então vamos a

icone itinerante

7) Uma voz no silêncio

A pequenina centelha brilhou solitária por algum tempo, mas logo, como se cansada do silêncio, iniciou a aumentar e diminuir seu brilho, em um pulsar fraco, porém contínuo. Um pouco à frente, ao lado, acima e abaixo pequeninas centelhas surgiram e após breve tremular, fixaram brilhantes no firmamento. Após algum tempo, iniciaram também um pulsar que acenderam outras tantas mais e assim sucessivamente espalhando-se pontos de luz por recantos longínquos do universo. Quando havia já centenas, talvez milhares, destas minúsculas centelhas de luz a brilhar na escuridão, a primeira emitiu um novo pulso, desta vez, longo e contínuo. A este comando, as demais luzes iniciaram a deslizar lentamente pelo éter aproximando-se do ponto de origem, agrupando-se pelo caminho e chegando como forte jorro de luz até a pequenina fonte. A um novo comando envolveram-na e fundidas pela luz tornaram-se um só brilho, que desta vez pulsou forte e ondulado, como se expressando uma idéia, uma palavra, um nome: M A

6) O lento retorno à vida

Naquela tarde falando ao povo encantado iniciei um lento retorno à vida, mas durante todo o primeiro ano em Etera ainda chorei todas as noites, sentindo a lâmina fria remexer-se em meu coração. Durante o dia cumpria com minhas obrigações como Rainha de Etera esforçando-me para não pensar em Adriel, nas saudades que sentia ou na dor que me partia inteira. Agia como deveria para que os seres elementais não percebessem o quanto minha tristeza era intensa. Um simulacro de sorriso estava sempre em meus lábios, a modulação da voz era gentil e agradável e o semblante calmo. À noite após o término de minhas obrigações, dispensava todos e ia sozinha para a cozinha, onde Tana deixava vários pratos à minha espera. Sentava-me à mesa e começava a comer. Às vezes conseguia comer toda a refeição e só chorar depois, mas quase sempre o choro pegava-me ao meio. Tudo o que era belo ou bom trazia-me de volta a Adriel e conseqüentemente à sua ausência. Quando alimentava-me com a comida gostosa de Tana, sen

5) As fadas do Monte Orm

No Monte Orm, um grupo de fadas reunidas em círculo ouvia atentamente o que uma pequenina fada azul falava. - Você tem certeza de que Maise disse isto e convocou o povo? – Perguntou uma delas, Me, agitada. - Tenho, lógico. Quando desceram na borda do lago estava sentada em um galho de árvore. Fiquei quieta. Era a primeira vez que ela saia de casa e não quis fazer nada para atrapalhar. Acabei ouvindo quando Elros explicou que Etera está assim por causa de sua tristeza. – Respondeu Bruxinha, que recebeu este nome por suas trapalhadas com os encantamentos. As fadas do Monte implicavam de brincadeira que não era fada e só podia ser bruxa e riam, mas na verdade adoravam-na e ao seu jeito doidinho e amoroso, sempre querendo ajudar e metendo-se em confusão atrás de confusão. As fadas do Monte Orm são da antigas e sábia linhagem. Vivem em uma vila atrás do Castelo de Etera e dedicam-se aos encantamentos mais difíceis e trabalhosos, quase sempre aqueles que envolvem a transformação da matéria,

4) Enquanto isto...

No silêncio do universo onde um segundo antes nada havia, uma pequenina centelha inicia a brilhar, solitária. Imagem recortada a partir de imagem daqui .

3) A vida sem Adriel

Um mês havia passado desde que fecháramos o Portal e que vivi dentro do palácio, praticamente apenas no quarto, deitada, chorando ou dormindo. Nos primeiros dias à base de calmantes naturais feitos pelas fadas que me deixavam praticamente inconsciente quando acordada. Após uma semana Tana diminuiu as doses e comecei a passar longas e intermináveis horas sem seu efeito, exposta à dor insuportável. Elros queria que assumisse o trono de Etera, mas não quis. Pedi que continuasse sendo o regente até que estivesse melhor. Ele concordou, mas não deixava de consultar-me a toda hora quanto a decisões sobre o governo. Eu não queria saber de nada, mal estava ouvindo o que dizia, mas ele não desistia. Adriel se fora e não havia mais sentido algum na vida. Tanto fazia uma coisa como a outra. Será que ele não entendia??? O pior de tudo é que eu era culpada. Se tivesse ficado no barco, como Adriel pedira, não teria se jogado na frente da flecha para salvar-me, ou, antes ainda, se tivesse concordado e