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10) Opção

Adriel não via a passagem do tempo, mergulhado no desespero por não saber como encontrar Maise. Aos poucos, percebeu que conseguia dilatar sua forma, atingindo uma área maior na busca de sinais de sua essência. No início fez isto timidamente com receio de perder a consciência, mas logo descobriu que conseguia concentrar-se todo em uma centelha base, podendo enviar as demais tão longe quando quisesse sem perder o controle. Assim passou dois meses vasculhando todo o planeta, dispersando-se por períodos cada vez maiores e indo mais e mais distante até que não houvesse um único recanto não visitado por uma minúscula parte sua. Ao fim estava de volta ao ponto de partida, mais uma vez derrotado. Maise não existia na Terra, estava certo disto. Teria morrido ou estaria em Etera, em uma dimensão da qual não tinha acesso. Acreditaria nisto por enquanto, decidiu incapaz de lidar com a hipótese restante. Sem mais onde procurar, sem ter como ir a Celes, todas as possibilidades esgotadas, sentindo-s

9) O retorno de Adriel

Adriel estava confuso naquele instante, logo após seu renascer e permaneceu neste estado nebuloso por tempo que pareceu interminável. Pensamentos soltos, pedaços de lembranças, um rosto, uma voz, o nome a girar e revolver-se em sua mente, em um turbilhão grosso e espesso, no qual não encontrava a ponta original a seguir, o elo que daria lógica e estrutura a tudo. Abandonou-se ao doce rosto em cujos olhos azuis mergulhou. Esqueceu-se do caos imerso na contemplação de sua face e os sentimentos emergiram juntamente com recordações esparsas que aos poucos foram completando-se, pedaços de puzzle que montava-se velozmente. - Maise, querida. Agora recordo. O que houve? Terei morrido? Onde estou? Compreendeu sua localização no espaço vendo ao longe o globo azul da Terra e o pensamento impulsionou-o em sua direção. Entrou na atmosfera do planeta sentindo queimar-se com a densidade tão alta, que apagava e comprimia ainda sua forma, modificando-a tal como antes fizera ao seu corpo espiritual. Fo

8) O lago encantado

- Adriel! – Acordei gritando seu nome, quente e agitada. Sonhei com ele, mas foi confuso e lembrava-me mais da sensação. Uma esperança louca esgueirou-se por entre a faca e instalou-se ali dentro. - “Ele vive!” – Pensei, sentindo as batidas endoidecidas de meu coração e envolvida naquela certeza, quis sair correndo à sua procura. - O que foi, menina? Ouvi você gritar. Teve pesadelo? – Era Tana que entrava ainda com roupa de dormir. - Tana, ele está vivo! Sonhei com ele, pela primeira vez! Está vivo!!! Ó meu Deus, obrigada! – Juntei minhas mãos em um gesto de prece e agradecimento. - Como assim? O que sonhou? O que ele disse? Onde está? - Não sei, Tana. Não lembro o que sonhei. Apenas sei que foi com ele e acordei chamando-o e com esta certeza de que vive. - Menina... Sei que não se conforma e é bom que sonhe com ele, mas não se iluda. Vai sofrer mais. - Eu sinto, Tana. Dentro de mim. Não é uma ilusão. Adriel vive em algum lugar. - Bem, se estiver vivo virá a Etera, não é? Então vamos a

icone itinerante

7) Uma voz no silêncio

A pequenina centelha brilhou solitária por algum tempo, mas logo, como se cansada do silêncio, iniciou a aumentar e diminuir seu brilho, em um pulsar fraco, porém contínuo. Um pouco à frente, ao lado, acima e abaixo pequeninas centelhas surgiram e após breve tremular, fixaram brilhantes no firmamento. Após algum tempo, iniciaram também um pulsar que acenderam outras tantas mais e assim sucessivamente espalhando-se pontos de luz por recantos longínquos do universo. Quando havia já centenas, talvez milhares, destas minúsculas centelhas de luz a brilhar na escuridão, a primeira emitiu um novo pulso, desta vez, longo e contínuo. A este comando, as demais luzes iniciaram a deslizar lentamente pelo éter aproximando-se do ponto de origem, agrupando-se pelo caminho e chegando como forte jorro de luz até a pequenina fonte. A um novo comando envolveram-na e fundidas pela luz tornaram-se um só brilho, que desta vez pulsou forte e ondulado, como se expressando uma idéia, uma palavra, um nome: M A

6) O lento retorno à vida

Naquela tarde falando ao povo encantado iniciei um lento retorno à vida, mas durante todo o primeiro ano em Etera ainda chorei todas as noites, sentindo a lâmina fria remexer-se em meu coração. Durante o dia cumpria com minhas obrigações como Rainha de Etera esforçando-me para não pensar em Adriel, nas saudades que sentia ou na dor que me partia inteira. Agia como deveria para que os seres elementais não percebessem o quanto minha tristeza era intensa. Um simulacro de sorriso estava sempre em meus lábios, a modulação da voz era gentil e agradável e o semblante calmo. À noite após o término de minhas obrigações, dispensava todos e ia sozinha para a cozinha, onde Tana deixava vários pratos à minha espera. Sentava-me à mesa e começava a comer. Às vezes conseguia comer toda a refeição e só chorar depois, mas quase sempre o choro pegava-me ao meio. Tudo o que era belo ou bom trazia-me de volta a Adriel e conseqüentemente à sua ausência. Quando alimentava-me com a comida gostosa de Tana, sen

5) As fadas do Monte Orm

No Monte Orm, um grupo de fadas reunidas em círculo ouvia atentamente o que uma pequenina fada azul falava. - Você tem certeza de que Maise disse isto e convocou o povo? – Perguntou uma delas, Me, agitada. - Tenho, lógico. Quando desceram na borda do lago estava sentada em um galho de árvore. Fiquei quieta. Era a primeira vez que ela saia de casa e não quis fazer nada para atrapalhar. Acabei ouvindo quando Elros explicou que Etera está assim por causa de sua tristeza. – Respondeu Bruxinha, que recebeu este nome por suas trapalhadas com os encantamentos. As fadas do Monte implicavam de brincadeira que não era fada e só podia ser bruxa e riam, mas na verdade adoravam-na e ao seu jeito doidinho e amoroso, sempre querendo ajudar e metendo-se em confusão atrás de confusão. As fadas do Monte Orm são da antigas e sábia linhagem. Vivem em uma vila atrás do Castelo de Etera e dedicam-se aos encantamentos mais difíceis e trabalhosos, quase sempre aqueles que envolvem a transformação da matéria,