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39) Por amor

Decidi permanecer em Celes até que encontrassem uma cura para meu corpo e estava aguardando a chegada de Liah, a quem enviara um recado pouco antes solicitando que viesse aqui. Não tinha sentido prorrogar o comunicado e ele levaria o recado para Tana, que transmitiria a Maise. Estava tentando ocupar-me para não pensar no que ela sentiria e também para sobreviver à minha própria tristeza. Procurava animar-me pensando no futuro que teríamos. Aqueles poucos anos não significariam nada quando voltássemos a ficar juntos e dessa vez para sempre. Azael, meu irmão por afinidade veio visitar-me e conversamos longamente, colocando as notícias em dia. Falei sobre Maise e ele contava como conhecera Sarah, sua companheira de vida, quando Liah chegou. - Hei, Liah. Que bom que veio rápido. Obrigado. - Alô Adriel. Fiquei curioso com seu chamado. - Conhece meu irmão Azael? Azael, Liah é o anjo encarregado do principado em que residimos lá na Terra e também meu amigo. – Cumprimentaram-se amistosamente e

38) Veneno de escorpião

(narrador) Eileen vinha pela praia em direção à cabana e não acreditou em sua sorte ao ver Maise ali sentada e sozinha. “Está com saudades, benzinho? Não se preocupe. Já vai parar de chorar. Para sempre!” – Pensou, desejando poder gargalhar de alegria com este presente inesperado. Olhou para todos os cantos certificando-se de que Tana não estava por perto e pensou no que fazer. Tinha imaginado em usar até mesmo força bruta para dominar ambas e agora não seria mais necessário, o que era muito melhor. Se fizesse tudo direito ainda teria uma chance de que jamais descobrissem sua autoria e poderia continuar com os planos originais. Não precisaria usar força e poderia usar um feitiço de veneno. O “Veneno do Escorpião” era limpo e sutil. Ninguém jamais cogitaria que um encantado do bem soubesse utilizar esta arte. O problema é que era lento e demoraria 24 horas para que morresse, ainda que ficasse paralisada cerca de uma hora após. Na praia, mesmo que a cobrisse com um encantamento de oculta

37) Tristeza

Devo ter sonhado com Adriel esta noite, porque acordei sensível e irritada. Tana não estava e o silêncio da cabana soava como uma campainha disparada em minha cabeça. Não quis sair da cama, não iria encarar este mundo solitário enquanto pudesse. Ao invés disto, peguei o último caderno de meu pai. Se Tana conhecia minha mãe, porque não dissera desde o início? Tinha algo errado nesta estória e queria esclarecer o quanto antes. O último caderno tinha apenas algumas poucas páginas preenchidas e li rapidamente. Papai estava escrevendo de madrugada, enquanto Luna dormia. Ela chegara ao início da noite, usando roupas escuras e parecendo assustada. Disse que sua mãe e os guardas pensavam que estava em seu quarto, que ninguém percebera a fuga e que Eileen ficara em seu lugar para dar-lhes tempo para fugir. De manhã cedo e até quando conseguisse, fingiria ser Luna, atrasando a descoberta da fuga o máximo possível. Entre beijos famintos decidiram aguardar o amanhecer para irem embora. Naquela épo

36) Encruzilhada

“Esqueça a Terra!“ – Estava com aquela frase girando sem parar em minha cabeça desde que foi dita por Kalel. – “Como se fosse possível!” – Pensei recordando o rosto de Maise em vários momentos e expressões. Após o choque de meu despertar em Celes pedi para falar com Hayel, o conselheiro chefe do projeto e também meu orientador pessoal. Foi ele quem ofereceu este trabalho na Terra e esperava dele não apenas explicações como soluções. - Adriel! Desculpe não ter vindo antes. Estava em meio a uma explosão em outro projeto e também quis aguardar pelos resultados dos exames. - Olá, Hayel. Quer dizer que já saíram? Sabem o que exatamente ocorre comigo? - É lógico que ainda estão aprofundando os testes, mas o resultado preliminar está pronto. - E??? - Bem, estão de acordo com as suspeitas iniciais. Tanto tempo impregnado com as energias da Terra acabaram por intoxicar e viciar seu corpo fluídico. Você não deveria ter permanecido tanto tempo sem retornar. Pedi-lhe tantas vezes para vir com fre

35) A princesa dos povos encantados

(narrador) No dia seguinte, logo que a guarda de gnomos assumiu o posto na vigilia de Maise, Tana encaminhou-se para Etera. Chegando ao palácio, foi direto para os aposentos particulares da Rainha que, após os cumprimentos iniciais, dispensou todos que estavam no ambiente e perguntou: - Tana, aconteceu algo para que esteja aqui tão cedo? - Minha Rainha, ontem à noite Maise confirmou o que já imaginávamos: ela é mesmo filha de Luna. - Eu sabia Tana, meu coração não poderia estar tão enganado. Filha de minha filha. Minha neta! - Sim, Majestade. Seu coração estava certo também em não perder as esperanças, ainda que não tenha sido sua filha a retornar. - Pobre Luna. - Ela foi feliz com o homem que amava e teve uma filha adorável. Vossa Majestade poderá fazer por Maise o que não fez por Luna. - É o que desejo: que seja feliz aqui em Etera, o lugar ao qual pertence por direito. Ela deve saber que tem uma família e de toda sua estória. O reino está quase pronto para recebê-la, ainda que ning

34) Saudades

Acordei com a entrada ruidosa de Tana. Adriel não estava. Era a primeira vez após dias que acordava sem ele ao lado e sua ausência soava como um estrondo abafado à espera de irromper. Pensei no menino da fábula, que por horas tentara tampar com os dedos os furos que se abriam no dique para que este não se rompesse e senti-me como ele. Sabia que estava sendo irracional. Faziam apenas algumas horas que ele partira e estaria de volta em poucos dias, mas meu coração e corpo pareciam não entender isto por conta de algum erro de processamento entre minha mente e eles. - O que foi, menina? Saudades já? – Tana perguntou ao ver que continuava deitada com os olhos fechados. - É. Estou com saudades sim e com medo de que não volte. Ah, Tana, estou com tanto medo! – Comecei a chorar ao reconhecer o sentimento por trás da boca seca e da bola no estômago. - Boba! Veja o que ele deixou para você. – Ela mostrou o anjo de origami e o bilhete. – Ele te ama e estará aqui antes que imagine. Eu sei. Já foi

33) Celes

Era melhor um ponto mais aberto para a desmaterialização e fui para a praia, onde o sol já estava por nascer. Observei-o por alguns momentos e depois me desmaterializei, ou ao menos, tentei. Era um pouco demorado e a parte da adaptação posterior um pouco incômoda, mas o processo em si era simples e mesmo tendo já um ano que não o realizava, não havia como esquecer. Concentrei-me e tentei novamente. Nada! Continuava tão sólido como antes. O que ocorria? Sentei em minha pedra e tentei desmaterializar uma das mãos. Tive sucesso e ela desapareceu, apenas para reaparecer segundos após. Tentei novamente com maior concentração e o mesmo ocorreu. Tentei com um pé, perna, com todos os membros, com o corpo inteiro, mas nada. As energias pareciam atraídas para meu corpo e tão logo as dispersava, retornavam. Ao máximo consegui manter uma parte por um período um pouquinho maior, mas o nível de concentração tinha que ser muito maior e não conseguiria sustentar por muito tempo, quanto mais com todo o

32) Perdendo o controle

Maise, que estava lendo sentada na cadeira, levantou-se quando entrei. Fiquei olhando, meio abestalhado e com dificuldades para respirar. Ela usava uma camisola indecente, não por ser transparente ou muito pequena, o que não era, mas por deixá-la sensual e provocante de uma forma que não deveria ser permitido. Estava calculando que levaria apenas cinco passos e um gesto da mão para arrancar aquele paninho de seu corpo, quando ela deu um passo em minha direção e agora eram apenas quatro passos e mais um até a cama, mas este não contava porque não creio que conseguiria dar esse passo adicional e a devoraria inteira ali mesmo, no chão ou na cadeira. Devia estar em meu rosto esta fome de lobo porque ela parou naquele passo e ficou olhando-me insegura. - “Você não é um animal, Adriel. Controle-se!” – O pensamento inseriu-se em minha mente por entre os pensamentos selvagens e conseguiu sobressair o suficiente para que ouvisse. Fechei os olhos e respirei pausadamente por alguns segundos antes